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Mercados por TradingView

A melhor política de preços para a Petrobras: nenhuma

12 de junho de 2018
Escrito por Victor Candido
Tempo de leitura: 4 min
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Estamos ainda vivendo a greve dos caminhoneiros: apesar das estradas já não estarem mais bloqueadas e não haver mais nenhum desabastecimento, o governo ainda sofre em negociatas com os motoristas. A tabela do frete não foi acertada, os R$0,46 centavos de desconto não chegaram totalmente nas bombas e, para piorar, a Petrobras e todos os seus investidores aguardam ansiosamente por uma mudança na política de preços.

A greve foi desastrosa e, no final das contas, um grupo (os caminhoneiros) conseguiu extrair uma renda extra de toda a sociedade, sendo que esta última irá pagar por todas as benesses concedidas pelo governo.

Porém, o pior efeito colateral da greve é o que aflige a Petrobras, uma empresa que na visão de muitos, inclusive do governo, deve praticar uma política de preços. Empresa e política já não deveriam constar na mesma frase, mas a gigante petroleira é de capital misto, onde os interesses do Estado ocupam 51% dos interesses privados dos demais acionistas da empresa.

O procedimento de preços (termo muito melhor que política de preços) que a Petrobras adota hoje é repassar integralmente as flutuações do preço do petróleo, que é cotado internacionalmente, para os preços aqui no Brasil. Como a cotação do barril do petróleo varia todo dia, no mercado global, o preço dos combustíveis vendidos pela Petrobras também acabam variando diariamente.

Isso é algo que faz total sentido, uma vez que a Petrobras é uma empresa de petróleo global, e, em um mercado, só pode existir apenas um preço. Essa é uma lei básica da economia: se existem dois preços para o mesmo produto, provavelmente alguém vai vender tudo e outro nada.

A variação de preço

O choro dos grevistas e do cidadão comum brasileiro, vem do fato de que os preços não deveriam mudar diariamente. Pois, na interpretação grevista, preço mudar diariamente é uma afronta, já que tira a previsibilidade. Quanto a previsão, realmente é impossível não concordar. Mas vivemos em um mundo complexo, onde um único produto depende de uma cadeia gigantesca de empresas e insumos, cada um com sua própria dinâmica de preços e também suas próprias complexidades subjacentes. Preços mudam, diariamente, semanalmente, mensalmente ou anualmente.

Pode prestar atenção no mercado: pequenas variações são comuns a todos os preços, em uma periodicidade maior do que você imagina.

E quando os preços parecem não mudar? É por que existem mecanismos de mercado que os protegem dessas variações, os chamados mercados futuros. Preços como o de soja, milho, café e boi gordo, variam todos os dias, sem exceção. E mesmo assim não vemos uma greve de açougueiros, produtores de curau, marcas de café ou churrascarias, todos pedindo maior previsibilidade em seus preços.

O que de fato se observa, é que o mercado desses bens se desenvolveu de forma que existem instrumentos financeiros, que atuam nos mercados futuros, que garantem que o preço não vai mudar tanto para o produtor quanto para o comprador, por algum período de tempo determinado. O que no final garante a tão desejada previsibilidade.

Mercados futuros

Vamos pensar em um exemplo existente de mercados futuros: o da soja. Imaginemos o seu José, produtor. Ele pode garantir que vai vender as suas 10.000 sacas de soja a R$95,00 por saca, daqui a 6 meses. Enquanto o seu Jonas, dono da fábrica de óleo de soja, pode garantir que irá comprar as mesmas 10.000 sacas que vai precisar daqui 6 meses também por R$95,00. Mesmo que o preço da soja no mercado a vista, seja de R$150,00 por saca, R$85,00 ou qualquer outro preço. Isto é, tanto para o seu Jonas, quanto para o seu José, tanto faz o preço atual da soja nos mercados internacionais (igual o preço do petróleo), eles conseguem ter perfeita previsibilidade, sem choro e sem greves. E por consequência direta, evita variações no preço final do óleo de soja, aquele mesmo que você coloca no carrinho do supermercado.

Note que o risco sai da mão tanto do comprador quanto do vendedor. Ele acaba indo integralmente para o mercado financeiro que está disposto a correr esse risco, eles quem vão absorver os movimentos de sobe e desce dos preços. De forma bem simplória, essa é a lógica dos mercados futuros.

Logo, os postos de gasolina, distribuidores e até mesmo as empresas de exploração e refino poderiam usar este mercado, caso ele existisse. Por aqui, ainda não temos um mercado futuro para combustíveis, mas nos Estados Unidos este mercado existe e funciona muito bem.

Ao invés de discutirmos a mudança da lógica capitalista da Petrobras para um encaminhamento de “preços socialmente justos e previsíveis” (algo que irá nos trazer enorme custo) ou mudar a estrutura de impostos sobre combustíveis, podemos discutir uma saída via mercado, onde o risco sai das mãos do governo, do domínio da Petrobras, do dono do posto e até mesmo de nós consumidores.

Existe uma saída via mercado, que não só não envolve política, como também oferece caminhos reais de solução.

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