Introdução: Diante de uma economia americana forte, o dólar se mantém em alta no exterior. Os juros de 10 anos nos EUA oscilam pouco acima de 3%. Na Europa, o governo em formação – composto por 2 partidos tidos como radicais, e anti-establishment – aumenta o risco na região. O petróleo (brent) oscila próximo de US$80/barril. É dia de agenda fraca no exterior. No Brasil, mercado ainda digere decisão do BC em relação à Selic. Bolsonaro vai ao Nordeste, e Temer não vê “afunilamento” do chamado “centro” até início de julho. Seguimos com um viés mais cauteloso.

CENÁRIO EXTERNO: ECONOMIA AMERICANA SEGUE FORTE, E POLÍTICA NA ITÁLIA ESTÁ NO RADAR.

O “básico” sobre os mercados… O dólar segue forte, embora os juros das Treasuries passem por algum “alívio”. Os juros de 10 anos oscilam ao redor de 3,09%. Na Europa, os juros de 10 anos de países como Alemanha, França e Reino Unido também recuam, em meio às elevações dos juros na Itália. Aliás, as bolsas recuam na Europa, após ganhos na China e Japão. Nos EUA, S&P futuro opera com ganhos leves. Commodities: o petróleo (brent) oscila entre US$79-80/barril; e o minério de ferro recuou 0,84% na China, cotado a US$66,92/tonelada.

Economia americana segue forte… Saíram ontem mais dados positivos sobre os EUA. O índice de atividade industrial do Fed da Filadélfia cresceu em maio, e foi para 34,4 pontos, após 23,2 de abril. Espera-se a continuidade de números fortes. Aliás, índice de indicadores antecedentes reforçaram esta perspectiva. Este índice cresceu 0,4% em abril, o mesmo ritmo de março. Isto é algo que tende a manter o dólar mais forte ao redor do mundo.

Na Itália, novo governo é fator de risco… A 3ª maior economia da Zona do Euro tem 2 partidos considerados radicais no comando. Pretende-se fazer uma expansão fiscal, adotar um tom mais duro em relação à imigração, e retirar as sanções impostas à Rússia pela União Europeia. Após os anúncios, os juros dos títulos de 10 anos subiram, e a bolsa do país voltou a sofrer. Ao redor das 9h, horário de Brasília, os juros destes papéis oscilavam ao redor de 2,19%, e o índice FTSE MIB recuava mais de 1%.

Na agenda de hoje… Nos EUA, é dia de agenda mais tranquila. Destaque a 2 discursos do Fed, que acontecem às 10h15: (1) R. Kaplan, na Universidade de Texas; e (2) L. Brainard, numa conferência em NY.

BRASIL: MERCADO AINDA DIGERE COPOM, EM DIA DE AGENDA FRACA.

Sobre as eleições presidenciais… Bolsonaro (PSL) tenta se fortalecer no Nordeste. Ontem, foi para Natal (RN) e irá na próxima semana para Salvador (BA) e Recife (PE). É, junto com Ciro Gomes (PDT), um dos mais cotados para ir ao 2º turno. Na esquerda, o PT parece insistir em ter um nome próprio para concorrer ao 1º turno. Por fim, no “centro”, Temer dá maior apoio a Meirelles (MDB), embora diga que está “meditando” sobre a sua candidatura, em entrevista ao Correio Braziliense. Sobre o “afunilamento” dos candidatos de “centro”? Acha que se dará no fim de junho, começo de julho. Alckmin (PSDB) segue sendo o nome mais provável para representar o “centro”, é claro.

Mais um (petista) preso… José Dirceu , o ex-ministro de Lula, tem até as 17h de hoje para se entregar à PF em Brasília. Está condenado a 30 anos e 9 meses de prisão e, após ter o último recurso negado pelo TRF-4 ontem, teve a prisão decretada pela juíza Gabriela Hardt, substituta de Sérgio Moro na 13ª Vara da Justiça Federal.

Sobre a decisão do COPOM… Os jornais ainda trazem comentários sobre a decisão do BC de manter a Selic em 6,50%. Diante do cenário externo mais “desafiador”, motivos há para adotar maior conservadorismo. Mas é verdade que as projeções de inflação recuaram de março pra cá, e que o ritmo de atividade arrefeceu. Assim, a nossa crítica vai muito mais em relação à comunicação, e não à decisão em si. Ontem (1 ano exato após o “choque-JBS”), as reações no mercado de juros, câmbio e até bolsa não foram nada positivas. Um “déjà-vu” para alguns investidores? Veja mais um nosso blog: “Surpresa: uma Selic em 6,50%. E agora?”.

Inflação: IGP-M (2ª prévia)… Pressões no atacado industrial permanecem. Diante de preços de commodities mais altos lá fora, e câmbio mais depreciado, a 2ª prévia do IGP-M de maio subiu 1,20% a/a, contra 1,12% do consenso de mercado. O número anterior havia sido 0,40%. O IPA subiu 1,71% m/m, após 0,46% no mês anterior. O IPC, mais controlado, subiu 0,20% m/m, contra 0,27% de abril.

Sobre o dólar… Em linha com o que falamos ontem, a decisão do BC (4ª, dia 16) – de manter a Selic em 6,50% — chegou a colocar um viés baixista no dólar ontem (5ª, dia 17). Mas foi pontual, também conforme o esperado. Afinal, há um movimento estrutural por trás da moeda dos EUA, que tem se valorizado ao redor do mundo. Ontem, o dólar terminou em alta de 0,61%, cotado a R$3,69. Em nosso blog, escrevemos recentemente um artigo sobre este assunto: “O que acontece com o dólar?”. Não vemos, neste momento, alívio neste mercado.

Agenda de hoje… No front macro, é dia sem indicadores. Em SP, às 15h, Ilan (BC) se reúne com Guardia (Fazenda). Os jornais trazem especulações sobre João Dória (PSDB), seja como vice de Alckmin (PSDB), seja como um possível substituto. Segundo algumas fontes, o apoio a Alckmin cresceria com Dória como vice, reportam jornais.

E os mercados hoje? Vemos uma continuidade dos movimentos recentes, em día de agenda fraca, aqui e lá fora. Assim, temos um viés ligeiramente mais negativo em bolsa, e viés altista em DIs e dólar. Aliás, nesta manhã, o CDS de 5 anos já sobe, oscilando ao redor de 195 pontos base, às 9h, horário de Brasília.

Ignacio Crespo – Economista

Sobre o fechamento do último pregão:

Ibovespa: -3,37%, aos 83.622 pontos;
Real/Dólar: +0,61%, cotado a R$3,697;
Dólar Index: +0,08%, 93,469;
DI Jan/21: +21 pontos base, 8,670%;
S&P 500: -0,09% aos 2.720 pontos.

Fonte: Bloomberg. Obs.: a taxa de câmbio utilizada é a referência da Bloomberg

EMPRESAS:

Petrobras: Governo aciona Advocacia Geral da União para fim do impasse no pré-sal
Impacto: Marginalmente Negativo.

Luis Gustavo Pereira – Estrategista

Jornais:

Folha de São Paulo
– Desalento recorde diminui o índice de desemprego no país
– Ex-ministro José Dirceu tem a prisão decretada
– Alckmin apoia arma no campo em aceno a eleitor de Bolsonaro
– Primeira droga que previne enxaqueca é aprovada nos EUA

O Estado de São Paulo
– Incerteza cresce e dólar sobe, mesmo após BC segurar juro
– Brasileiros tinham contato na Síria, diz Espanha
– Fisco investiga 298 empresas citadas pela J&F
– PF vê propina de R$ 885 mil a Gleisi

O Globo
– Em todo o país, 4,6 milhões desistem de buscar emprego
– Rebelião de presos leva tensão à Venezuela
– PF acha evidências de propina a Gleisi
– Crimes com morte aumentam no Rio

Valor Econômico
– Surpresa nos juros provoca perda e confunde investidor
– AGU vai mediar acordo sobre cessão onerosa
– Lucros crescem 16% no trimestre
– Inovações da Vigor seduziram a Lala

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