Em janeiro de 2018, o desemprego dos EUA ficou em 4,1%. São, ao todo, 6,7 milhões de desempregados. Mas vale destacar: nos últimos 12 meses, foram criados 2,1 milhões de vagas por lá – uma média de 176 mil empregos por mês. Reforçando esta melhora, também destacamos: em janeiro, a média dos salários-hora subiu 2,9% frente ao mesmo período de 2017. Ou seja: mais empregos, e salários maiores. A economia está, a cada dia, mais aquecida. Ponto comum é dizer que os EUA estão em “pleno emprego”
Parte deste “sucesso” se deve à gestão Obama, que saiu da Casa Branca há pouco mais de 1 ano. Nos seus últimos 12 meses de mandato, a economia já criava, em média, quase 210 mil empregos ao mês. Saiu deixando a taxa de desemprego em 4,8%. Vale comparar: quando Obama assumiu, em janeiro de 2009, o desemprego estava em 7,8%. Nos 12 meses que precederam a sua posse, quase 300 mil empregos ao mês vinham sendo eliminados da economia.
Outra parte do “sucesso” dos EUA deve-se à gestão Janet Yellen. Presidiu o Fed de fevereiro de 2014 a fevereiro de 2018. Quando assumiu, os juros estavam entre 0,00-0,25% ao ano. Subiram, pela 1ª vez, somente no final de 2015. De lá pra cá, foram apenas 5 elevações. Tem sido um “ajuste gradual”. Tem sido uma “linda normalização”, nas palavras do economista Mohamed El-Erian. Focada no desempenho do mercado de trabalho, Yellen saiu do Fed aplaudida. Cometeu pouquíssimos erros de comunicação. O desafio, agora, fica com Jay Powell, quem ocupará o seu lugar.
Por fim, vale destacar: a gestão de Donald Trump, ao aprovar a reforma tributária no final do ano passado, também tem contribuído para a melhora das expectativas do mercado. Isto, é claro, contribuiu para o avanço das bolsas. Desde as eleições presidenciais de 2016, o S&P 500 sobe mais de 25%. Com a inflação ainda em níveis baixos – embora isto ainda seja um “mistério”, segundo a própria Yellen –, investidores têm vivido certa “euforia”.
Alguns números… Em 2011, o índice preço/lucro (o “P/L”) do índice S&P 500 chegou a oscilar ao redor de 12x. Agora, está na casa de 22x. Obs.: quanto maior, mais “cara” a bolsa. Para fins de comparação: o P/L dos índices Stoxx 600 (Europa) e Nikkei (Japão) estão ao redor de 20x e 18x, respectivamente. Vemos maior upside nestas duas últimas, diga-se de passagem. Neste momento, para o investidor local, parece-nos mais interessante diversificar o portfolio com ativos destas duas regiões.
À frente, acreditamos que a economia dos EUA continuará aquecida; o mercado de trabalho ficará mais “apertado”, os salários aumentarão e, consequentemente, a inflação começará a ser pressionada para cima. Recente pesquisa* com as pequenas empresas americanas é prova disso: 59% das entrevistadas disseram que estão empregando ou tentando empregar mais funcionários.
Alguns números… (i) 54% das empresas reportou dificuldade para encontrar alguém qualificado para o posto em aberto; e (ii) 19% respondeu que “a maior dificuldade” atual é “encontrar trabalhadores qualificados”. Aliás, vale ver o gráfico abaixo, que mostra que “encontrar trabalhadores qualificados” é o “problema” das empresas que perde apenas para o “pagamento de impostos”. Esta é uma tendência clara desde 2012, que pode, em breve, tornar-se o “problema” No 1.
No final das contas, o recado é o seguinte: o Fed precisará subir os juros, e o cenário-base da instituição – 3 elevações de juros em 2018 – parece-nos bastante razoável. Hoje em 1,25-1,50% ao ano, estes podem terminar entre 2,00-2,25%. Mais do que isso: em nosso Relatório Anual, dissemos que “não deveríamos descartar a possibilidade de os juros terminaram pouco acima disto”. Esta é uma nova realidade. Não deveria ser encarada como algo “negativo”. É, apenas, diferente do cenário que estamos acostumados desde a última crise americana.
Observações:
*NFIB Small Business Economic Trends, de dezembro/2017 (link)
Mestre em Economia pela Fundação Getúlio Vargas (FGV/EPGE) e em Finanças pela Barcelona Graduate School of Economics (BGSE). Graduado em Ciências Econômicas pelo INSPER. Entre 2013 e 2018, atuou como economista da Guide Investimentos, cobrindo o mercado doméstico e os internacionais, e sendo um dos responsáveis do asset allocation dos clientes. Desde 2018, atua como consultor Guide Investimentos, cobrindo principais eventos do cenário internacional e escrevendo artigos semanais para o blog.
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