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Uma breve história de um homem nada breve

16 de março de 2018
Escrito por Victor Candido
Tempo de leitura: 4 min
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Stephen William Hawking escreveu em 1988 o livro Uma Breve História do Tempo. Um sucesso absoluto escrito por um homem que quase teve uma breve história, vítima da esclerose lateral amiotrófica – ELA, uma doença que aos poucos tira todos os movimentos da pessoa. Hawking não deveria passar dos 30 anos, segundo os médicos, mas durou, em termos relativos aos pares de sua doença, uma verdadeira eternidade. Uma estrela que se recusava a deixar de brilhar.

Faleceu essa semana aos 76 anos (1942-2018), se tornando um recordista entre aqueles que possuem a doença. Nessas 7.6 décadas, descobriu o que existe dentro dos buracos negros – que sugam toda a luz ao seu redor – em uma carreira mais brilhante que o sol.

Quando uma estrela ‘morre’, ela se torna um buraco-negro, mas Hawking não deixa um buraco negro ao seu redor, muito pelo contrário, toda a sua carreira foi um esforço sobre-humano, agravado por sua doença, em preencher a escuridão científica, não apenas nos corredores da alta estirpe da academia inglesa, mas também da mente das pessoas comuns, como eu e você, de como o universo foi criado e como ele opera.

Além dos grandes desafios intelectuais, sua vida foi uma luta contra a ELA. A doença tirou todos seus movimentos, só lhe deixando o movimento dos olhos. Hawking só conseguia se comunicar usando o movimento dos olhos, escolhendo palavras na tela de um computador, que depois de escolhidas eram proferidas pela sua icônica voz robótica. Apesar da tragédia da doença, Hawking parecia uma figura de outro mundo, em que sua vida intelectual só continuou a existir graças a essa exótica interface entre computador e homem.

Aliás, nada mais curioso de que um buraco-negro, que é um grande aspirador de pó cósmico, que suga tudo ao seu redor e pouco se sabe o que acontece lá dentro. E foram exatamente os buracos-negro que foram, paradoxalmente, a grande luz da carreira de Hawking.

A grande contribuição científica de Hawking veio quando ele tentou unir duas partes da física que, até então, não possuíam praticamente nenhuma interseção. A física quântica subatômica com a cosmologia (a ciência que estuda o cosmos). Hawking aplicou os princípios quânticos aos estudos dos buracos-negros, naquele momento algo inédito, e descobriu que os grandes sugadores (buracos-negros) de energia na verdade tinham um vazamento de energia e que, por consequência, acabam evaporando e, por fim, acabavam desaparecendo junto com toda sua informação. Hawking acabou criando o paradoxo da informação, pois na natureza a informação não é criada e nem destruída, ela apenas se transforma, assim como a matéria. Tal descoberta foi batizada de Radiação Hawking.

A chamada radiação Hawking, que estreou em um paper na revista Nature, em 1976, causou enorme controvérsia e colocou em xeque diversas outras hipóteses já consolidadas da física teórica.

Em 2016, alguns cientistas observaram, em experimentos em poderosos aceleradores de partículas que criavam minúsculos buracos negros, a radiação Hawking. Teoricamente é impossível de se observar as radiações diretamente em buracos negros.

Também em 2016 com 74 anos, Hawking publicou, com co-autores, uma nova teoria explicando as possíveis origens da radiação Hawking, mostrando que mesmo ao final de sua vida, sua mente ainda estava ocupada com grandes maquinações sobre como o universo funciona.

Além da contribuição na ciência pura, Hawking foi também um maverick na divulgação científica. Seu primeiro best-seller, Uma breve história do tempo, vendeu mais de 10 milhões de cópias. O livro traz, de forma extremamente acessível, como universo foi criado e junto com ele o início do tempo.

Fazer com que as pessoas comuns se interessem por temas extremamente complexos de cosmologia, é tão difícil quanto explicar os intrincados mecanismos do universo, mas Hawking conseguiu alcançar tal proeza.

Stephen Hawking foi um cientista brilhante da mesma estirpe de Isaac Newton, inclusive Hawking ocupou a mesma cadeira que Newton tinha no departamento de física da Universidade de Cambridge. Seus insights rivalizam em grandeza com os de Albert Einstein.

A ciência perde uma estrela, que morre como aquelas que vagam no espaço, deixando uma onda de energia que será captada pelas novas gerações de cientistas, que com certeza serão fortemente influenciadas pela perspicácia e perseverança de vida e científica de Stephen Hawking.

PS: Para os mais interessados na vida de Stephen Hawking o vídeo abaixo é um documentário de 1991 sobre a sua vida e suas enormes contribuições para a física moderna.

https://www.youtube.com/watch?v=GiIIx6oh0pk

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