CabeçalhoConteúdoNewsletterRodapé

Mercados por TradingView

UM MUNDO PARADO: AINDA CONSEGUIMOS CRESCER?

23 de maio de 2018
Escrito por Victor Candido
Tempo de leitura: 3 min
Compartilhar
um globo terrestre com em uma cadeira de balanço com um diploma ao lado

Pare por um segundo e olhe ao seu redor. Observe a quantidade de objetos industrializados e a quantidade de inovação tecnológica que absolutamente todos os objetos que usamos possuem. Olhe pela janela e veja o asfalto nas ruas, os postes, os cabos elétricos sobre as calçadas. Pense em toda a infraestrutura que está sob a rua, cabos, canos e galerias de esgoto. Toda essa estrutura foi criada há pouco mais de 100 anos.

No espaço de um século saímos de um mundo praticamente rural: mesmo nas poucas cidades que existiam, as ruas eram de terra, não existia esgoto e a expectativa de vida era 40% menor do que a de hoje. Mas o que se pode dizer sobre a continuidade desse ganho de riqueza?

É exatamente atrás da resposta desta pergunta que Robert Gordon escreveu uma série de papers sobre a história econômica dos Estados Unidos nos últimos 150 anos. Seu estudo se concentra no que ele chama de “século especial” de 1870 a 1970 – no qual os padrões de vida aumentaram mais rapidamente do que em qualquer outro período anterior ou posterior.

A TESE DE ROBERT GORDON

Todo o trabalho de Gordon leva a provocante hipótese de que é altamente improvável que no futuro tenhamos, minimamente, os mesmos ganhos econômicos do período anterior.

Gordon se concentra no crescimento nos Estados Unidos, onde os dados são bastante fartos. Os padrões de vida, medidos pelo PIB per capita ou salários reais, aceleraram após 1870. A taxa de crescimento parece uma curva U invertida. O crescimento da produtividade aumentou a partir do final do século XIX e atingiu o pico nos anos de 1950, mas desacelerou desde 1970. Designando 1870-1970 como o século especial, Gordon enfatiza que o período desde 1970 tem sido menos especial.

Ele argumenta que o ritmo da inovação diminuiu desde 1970 (um ponto que surpreenderá muitas pessoas) e, além disso, que os ganhos de melhoria tecnológica foram compartilhados de forma menos ampla (um ponto amplamente apreciado e verdadeiro).

Um outro aspecto central da tese de Gordon é que as medidas convencionais de crescimento econômico omitem alguns dos maiores ganhos nos padrões de vida e, portanto, subestimam o progresso econômico. Um ponto pouco apreciado é que as medidas padrão de progresso econômico não incluem ganhos em saúde e expectativa de vida. Também não incluem o impacto de melhorias tecnológicas revolucionárias, como a introdução de eletricidade, telefones ou automóveis.

Pensemos no esgoto encanado, os benefícios que ele trouxe em termos de saúde pública ou na comodidade da luz elétrica em todas as residências, que inclusive permitiu um enorme boom no consumo para equipamentos elétricos para as casas. Para Gordon, não haverá outra “rede elétrica”, outra ferrovia ou qualquer invenção que mobilize tanto investimento e que se espalhe por todo o mundo. Logo não haverá um impulso do crescimento via investimento. Portanto, pela tese de Gordon, estamos estagnados. 

E o futuro do crescimento econômico? Aqui Gordon é um dos principais defensores da visão que enfatiza a probabilidade de “estagnação secular”. Lawrence Summers, ex-secretário do tesouro americano, também concorda com a tese da estagnação que diz ser o “lado da demanda”: um excesso de poupança global junto com uma inflação baixa está levando a uma demanda agregada fraca nas regiões de alta renda. Essa síndrome é consistente com taxas de juros zero ou negativas na Europa e no Japão, como observamos nos últimos anos.

Mesmo com o acelerado processo de inovações tecnológicas e a emergência da inteligência artificial, Gordon diz que tais invenções não serão suficientes para darem início a um processo de ignição de crescimento da produtividade e de investimentos que gerem benefício e bem estar comparáveis ao que vimos entre 1870-1970. O argumento é um tanto fatalista, mas nos faz pensar se existem limites ao crescimento econômico. Talvez já crescemos, pelo menos materialmente, próximos do limite do que a humanidade poderia produzir.

[IN-CONTENT] ABRA SUA CONTA [NOVO] - NORMAL - END
Compartilhar artigo

Baixe agora o E-book Como declarar investimentos no Imposto de Renda 2024?

Enviando...

Veja também

Fique por dentro

Assine a nossa newsletter semanal

e não perca nenhuma novidade do nosso portal gratuito e da área de assinante com conteúdo exclusivo!

/ Enviando...