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Mercados por TradingView

A Selic e a bolsa: uma gangorra financeira

3 de abril de 2018
Escrito por Victor Candido
Tempo de leitura: 3 min
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Na semana passada, o Banco Central divulgou a ata do COPOM – Comitê de Política Monetária do Banco Central, com detalhes da reunião que trouxe a Selic para 6,5%a.a e, para surpresa do mercado, o BC também anunciou que os juros iriam cair ainda mais em um momento que todos esperavam uma finalização no ciclo de cortes. Todo esse movimento monetário afeta, e muito, os dois principais tipos de investimentos: a bolsa e a renda fixa.

O impacto sobre a renda fixa é o mais negativo possível, uma vez que um título é um certificado de um empréstimo feito para alguma empresa, governo ou instituição financeira. Logo, se recolhe os juros disso, além do montante total investido inicialmente. O calibre da bala de prata sobre a renda fixa só aumenta, mas existe um efeito positivo na bolsa que, apesar da volatilidade, ainda tem muito a ganhar com uma Selic baixa. Mas antes vamos entender a conjuntura e a estrutura por trás dessa relação de gangorra entre a Selic e a renda fixa

Os juros vão continuar baixos por muito tempo?

A expectativa média da inflação para os próximos 12 meses está em 3,95%, abaixo da meta de inflação, o que mostra espaço para que os juros continuem baixos por um bom tempo. Obviamente, tal cenário tem se mantido graças a uma dinâmica muito positiva da inflação, principalmente a de alimentos (após uma safra espetacular em 2017 e a expectativa de outra muito boa em 2018), o que leva o mercado a acreditar que a taxa de juros ao final deste ano será de 6,25% e de apenas 8% ao final de 2019. Detalhe no apenas, pois a economia brasileira deve crescer algo próximo de 3% este ano e a mesma taxa no ano que vem. Um crescimento de mais de 6% em um cenário de uma discreta elevação de juros. 

Mas o que é a taxa de juros e como ela afeta a bolsa?

A taxa de juros, de forma sintética e simples, nada mais é que o custo do dinheiro ao longo do tempo. Então, se ela cai, quer dizer que o dinheiro ficou mais barato, o que significa que os tomadores de empréstimos vão pagar menos pelo dinheiro que precisam enquanto os donos do dinheiro irão receber menos. É por isso que os rendimentos da renda fixa caem quando os juros caem, pois o seu dinheiro aplicado em renda fixa é emprestado para outra pessoa e você vai colhendo os juros sobre esse montante.

O impacto positivo na bolsa vem de duas frentes distintas, porém complementares. A primeira, é que, com a queda da taxa de juros, o custo da dívida das empresas cai pois elas estão na ponta tomadora de empréstimo, logo, o custo financeiro das empresas cai, o que ajuda empresas que carregam grandes dívidas, como no setor de construção civil por exemplo. Do outro lado, a taxa de juros mais baixa significa mais crédito e consumo na economia, algo vital em um momento de recuperação de crise. Logo, a melhora da atividade econômica naturalmente reflete no desempenho das empresas.

Existe outro fator pronto para alavancar ainda mais os ganhos das empresas, que é algo chamado de alavancagem operacional. Em meio a crise, as empresas focaram em processos que levaram à redução de custos. Uma vez que esse processo é concluído e as receitas voltam a crescer, os lucros serão maiores do que eram antes da crise. Algebricamente, o resultado é lógico: lucro é igual receita menos custos. Somado a um custo financeiro mais barato e cadente, é difícil imaginar um cenário onde as empresas listadas não se beneficiem ainda mais de uma Selic baixa por tanto tempo.

Agora, com os juros rumando para 6,25%a.a, ainda existe espaço para você mudar suas alocações e se posicionar em ativos, como as ações, que se beneficiem desse novo nível na taxa de juros.

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