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Petrobras: a fênix que ressurge das cinzas petrolíferas

14 de maio de 2018
Escrito por Terraco Econômico
Tempo de leitura: 3 min
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um helicóptero erguendo um estaleiro de petróleo naufragado

Estávamos em 11/02/2016. O preço das ações da Petrobras, empresa que tanto nos orgulhou, havia chegado ao fundo do poço: suas ações valiam R$ 4,23, com o seu valor de mercado diminuído em quase 90% desde o pico observado em 2008, no auge da descoberta e expectativas do Pré-Sal. Era a época já conhecida do “nunca antes nesse país”. 

Em 2016, contudo, a petrolífera brasileira estava no epicentro dos casos de corrupção investigados pela Operação Lava Jato, com diretores e presidentes sendo presos e interrogados, sendo que muitos acabaram aderindo à Delação Premiada. No campo financeiro, a dívida da empresa explodia (quase R$400 bi) e não encontrava contrapartida nos lucros da estatal, que andavam escassos. Na realidade, a empresa vinha de prejuízos acumulados de mais de R$ 55 bilhões nos dois anos anteriores, destruindo valor numa velocidade nunca antes vista. 

Era a época que a empresa que vivia do petróleo torcia para que seu preço não subisse muito, revertendo toda a lógica mercadológica básica. Como o governo intervinha no preço cobrado internamente – o preço era controlado para não provocar inflação -, a Petrobras tinha que comprar gasolina do exterior por um preço alto¹ e vender aqui por um preço menor, queimando caixa. Mas acabava ficando entre a cruz e a espada, pois se o preço caísse demais, a confiança na lucratividade da extração de petróleo das camadas do Pré-Sal se reduzia, uma vez que especialistas afirmavam que a operação não era rentável, caso o barril do Petróleo estivesse em valores inferiores a US$ 50,00. 

Após a saída de Aldemir Bendine (agora preso pela Operação Lava-Jato), a nomeação de Pedro Parente, nome conceituado no mercado privado brasileiro e uma boa ajuda da conjuntura ajudaram a reverter a situação da Petrobras.

No campo da gestão, podem ser mencionados: (i) o grande programa de demissão voluntária, em vigor desde meados de 2014, com o desligamento de 16 mil funcionários da estatal;  (ii) desinvestimentos em algumas áreas, como a venda de braços de logística (Nova Transportadora do Sudeste para a Brookfield) ou participações em campos de exploração petrolífera (como as realizadas com a Statoil, da Noruega), gerando ao menos R$ 60 bi para os cofres da empresa brasileira; (iii) redução da incerteza, relembrando o episódio traumático do atraso na divulgação dos resultados financeiros do terceiro trimestre de 2014, com mais de 2 meses de atraso, gerando stress no mercado e desconfiança geral nos investidores.

Pelo lado da conjuntura internacional, é impossível não mencionar a elevação dos preços do petróleo. Se no começo de 2016 chegamos na casa dos US$ 30 dólares o barril, esse valor aumentou consideravelmente nos últimos meses, superando US$ 70, mais que o dobro do observado nos piores anos da Petrobras e com tendência altista.

No campo nacional, a redução da intervenção estatal deve ser lembrada, uma vez que Pedro Parente passou a empregar (vejam só!) critérios meritocráticos para nomear as diretorias, e não conchavos políticos. Além disso, a Petrobras finalmente abandonou a política de represamento de preços, e passou a subir ou descer os valores de gasolina e diesel ao sabor da oscilação dos preços internacionais – com isso, acabando com a política de subsídios que tanto a prejudicou nos anos anteriores.

Essa melhora na gestão e nas condições internacionais resultou no retorno para o posto de empresa mais valiosa da Bolsa brasileira, ultrapassando a AMBEV e o Itaú, valendo pouco mais de R$ 350 bi. Ainda assim, há desafios enormes a frente, como a continuação do plano de desinvestimento, estimado em R$ 65 bi em 2018, assim como a diminuição da dívida bruta, atualmente em R$ 340 bi, mas com tendência de baixa e suportado pelo aumento dos lucros nos últimos trimestres (R$6,7 bi no último período). 

Aparentemente perceberam que a Petrobras não é de um governo; enquanto for estatal – ou de economia mista, mais precisamente – é de todos os brasileiros. Afinal, se a era do petróleo não vai acabar por falta de petróleo, a era da gigante Petrobras quase teve um fim devido a irresponsabilidades e má gestão nunca vistas antes na história desse país. 

 

[¹]Como não era feito o refino de todo o Petróleo extraído no Brasil, a Petrobras exportava a matéria prima e importava gasolina, se sujeitando ao preço do exterior.

[IN-CONTENT] ABRA SUA CONTA [NOVO] - NORMAL - END
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