Os Segredos dos Grandes Investidores do Brasil

Terminei de ler, neste fim de semana, o excelente livro “Fora da Curva: Os Segredos dos Grandes Investidores do Brasil e o que Você Pode Aprender com Eles”. O livro conta a história e traz ensinamentos de 10 dos maiores gestores de fundos de investimentos do Brasil nas últimas décadas. Um verdadeiro page-turner para quem é apaixonado pelo assunto.

Minha intenção aqui não é fazer um resumo do livro. Até porque, tamanha a riqueza de informações disponíveis na obra, muita coisa importante seria deixada de fora.

Minha intenção é, na verdade, falar sobre um tema comum entre alguns dos protagonistas do livro:

é mais importante não cometer grandes erros do que buscar sempre grandes acertos.

Esse ponto me chamou muito a atenção porque tenho pensado bastante ultimamente sobre o risco de trajetória e, mais ainda, sobre o risco de ruína. Tenho lido muito sobre como, em vários aspectos da vida e não só nos investimentos, é importante permanecer vivo, permanecer no jogo.

O simples fato de você estar no jogo por um longo período de tempo pode ser sua grande vantagem competitiva.

De uma forma ou de outra, foi isso que captei destes três grandes gestores que citarei na sequência. É claro que isso pode ser meu viés de confirmação buscando reforçar aquilo que vem me chamado a atenção nas últimas semanas.

De qualquer forma, compartilho com vocês estas passagens e convido aqueles que não leram o livro que o façam o quanto antes. Precisamos de mais obras assim aqui no Brasil.

• “Para um investidor leigo, o que mais faz diferença, especialmente em momentos de incerteza, é estar bem assessorado. Vale a pena gastar um tempo analisando o histórico dos profissionais que vão cuidar do seu dinheiro, seja numa consultoria financeira, num banco ou numa gestora de fundos. Mais do que dar grandes tacadas, esses profissionais podem evitar que o investidor cometa grandes erros, que podem comprometer seu patrimônio. Fugir das roubadas dá retorno no longo prazo.” – Luiz Fernando Figueiredo, foi diretor do Bacen de 99 a 2003, fundou a Gávea junto com Armínio Fraga e é fundador da gestora Mauá Capital.

• “Evitar os grandes erros deve ser um dos principais objetivos do investidor. Se o investidor não fizer muita besteira, escolher empresas minimamente boas e dispor de capital de longo prazo, o tempo estará a seu favor. Os problemas acontecem quando as pessoas se desesperam e vendem na hora errada ou se animam em momentos de euforia. Pode parecer simplista, mas bom senso é mais importante para um investidor que qualquer outra coisa. Tentar adivinhar os movimentos de mercado é muito difícil.” – Pedro Damasceno, falecido em outubro deste ano, foi sócio da Dynamo, uma das mais conceituadas gestoras de fundos de ações do Brasil.

• “Outra característica importante desse tipo de investimento mais macro é que não dá para estar sempre no mercado. Às vezes é preciso esperar a oportunidade. As grandes oportunidades acontecem poucas vezes na vida. Acertei oito grandes operações macro, como a da desvalorização do real, que deram retornos relevantes ao fundo. Acho que errei uma cinquenta, mas eram operações menores, o impacto para o Verde foi pequeno e, por isso, o desempenho acumulado do fundo tem sido bastante positivo.” – Luis Stuhlberger, fundador da Verde Asset, responsável pelo famoso fundo Verde FIC FIM.

Muitas vezes nós, investidores individuais, ficamos tão preocupados em dar uma grande tacada ou em bater o mercado que acabamos correndo riscos desmedidos que podem dilapidar nosso patrimônio.

Como podem ver os três gestores falam sobre a importância de não errar grande. Manter-se no jogo é a principal regra do jogo.  Erros todos cometerão. Como fica bem claro na colocação de Luis Stuhlberger, os erros serão até em maior quantidade que os acertos, mas não podem ser em maior magnitude nunca.

Por isso, lembre-se que o tempo está ao seu favor e investir na esperança de ganhar muito dinheiro de forma rápida é, na verdade, a maneira mais rápida se perder muito dinheiro.

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