O Tempo e o Investimento

Você sabe onde você quer chegar com seus investimentos? Qual o principal objetivo da sua acumulação de patrimônio hoje? Em quanto tempo você espera desfrutar do dinheiro poupado e investido hoje?

Saber bem a resposta dessas perguntas é crucial para qualquer investidor, pois o tipo de aplicação financeira que ele tem que fazer vai variar de acordo com o tempo e objetivo que ele tem em mente.

Para ilustrar vamos imaginar um personagem. João tem 25 anos de idade, formado em engenharia e recebe um salário razoável.

João quer comprar um carro zero daqui um ano. Ele já tem poupado uns 60% do valor do veículo e no próximo ano vai continuar poupando mensalmente uma porcentagem de seu salário. De forma a maximizar o seu esforço poupador, ele decide investir os 60% que já tem hoje e ir fazendo aportes mensais neste mesmo investimento até ter o valor total do veículo.

No exemplo do João, temos um investimento com objetivo claro: comprar o carro, e o horizonte temporal bem delimitado: um ano. Logo, João precisa de uma aplicação financeira que lhe garanta com exatidão a quantidade de dinheiro que ele vai ter daqui um ano. Portanto um título público ou até mesmo um bom CDB resolveria o seu problema. Todas opções de renda fixa com baixíssima volatilidade.

Em um investimento de curto prazo como o de João, o investidor deve correr menos riscos, apesar de significar um menor retorno. Entretanto, ele troca a chance de maiores ganhos pela segurança de saber o quanto vai ter no final do período.

Um ano depois, João comprou o carro à vista, conseguiu excelente preço e está satisfeito. Porém, João ouve o Ministro da Fazenda dizendo, no rádio, que uma reforma da previdência é eminente. Ele pensa que precisa voltar a investir para construir um patrimônio possível de lhe garantir uma aposentadoria tranquila.

João agora tem 26 anos, consegue poupar R$1000,00 todo mês, pretende se aposentar aos 60 anos, abaixo até da idade mínima que o Ministro estava propondo na entrevista na rádio em que João ouviu.

Aqui temos um investimento de longuíssimo prazo, 34 anos para o saque, com um objetivo também claro, se aposentar.

Como o prazo é maior e existe uma série de variáveis econômicas que irão mudar ao longo desses 34 anos, que são impossíveis de serem previstas hoje, o melhor que João pode fazer é alocar parte significativa de seu patrimônio, mais que a metade, que será poupada ao longo de todos esses anos, em um investimento de maior risco, porém com maior retorno.

E o melhor investimento para o objetivo de João é a renda variável, mais especificamente as ações.

No longo prazo ações são comprovadamente o melhor investimento, mesmo em um país como o Brasil onde as taxas de juros são historicamente elevadas. Porém, as taxas de juros estão começando a cair para um patamar mais baixo e devem permanecer em níveis baixos no médio/longo prazo, o que aumenta e muito a atratividade do investimento em ações.

Quanto maior o horizonte de tempo menor o risco…

Como temos o tempo a nosso favor, em grandes horizontes temporais o investidor mitiga a volatilidade das ações. Logo, ele não precisa se preocupar com o sobe desce da bolsa e apenas com a tendência de longo prazo.

Além do fato que ações possuem a melhor relação retorno, risco e liquidez, como já falamos acima, quem toma mais risco tem mais retorno e as ações possuem excelente liquidez. Dessa forma é possível vender todas as ações em um dia apenas, sem grandes problemas.

Portanto, todo investidor deve estar atento aos objetivos e ao horizonte de tempo de suas aplicações. Construir patrimônio é sempre positivo, porém é preciso saber qual a finalidade do patrimônio que está sendo construído, para que, desde o começo do investimento, a melhor estratégia seja escolhida.