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Mercados por TradingView

Juros Americanos: de 25 em 25, cada vez mais altos…

27 de março de 2018
Escrito por Ignacio Crespo
Tempo de leitura: 5 min
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Os juros subiram pela 6ª vez desde a crise americana, e devem subir outras 2 ou 3 vezes em 2018

A semana que passou foi importante nos EUA. Jerome “Jay” Powell, o atual presidente do Fed, comandou, pela 1ª vez, uma reunião de política monetária. Os juros subiram de 1,25-1,50% para 1,50-1,75% ao ano, em linha com o esperado. Foi a 1ª elevação deste ano. Foi a 6ª desde a crise americana. Em nossa opinião, os chamados Fed Funds Rates devem subir outras 2 ou 3 vezes em 2018. Passada a reunião do Fed, vale fazer uma avaliação sobre os principais pontos…

Como têm evoluído as projeções oficiais de PIB, desemprego e inflação para os EUA?

O Fed espera que a economia aqueça. Isto ficou evidente. Hoje, espera que o PIB cresça 2,7% em 2018. Para 2019 e 2020, espera 2,4% e 2,0%, respectivamente. Isto é bastante. Afinal, no “longo prazo”, o Fed estima um crescimento de 1,8%. Dito de outra forma: hoje, espera-se que os EUA cresçam, ao menos até 2020, num ritmo acima do “potencial”. No gráfico a seguir, veja como evoluíram estas projeções oficiais com o tempo (divulgadas em dezembro de 2017 e setembro de 2017). Note: com o passar do tempo, as projeções foram melhorando…

Neste ambiente, a taxa de desemprego deve continuar em queda, e a inflação, ainda que de forma gradual, deve continuar a subir. O desemprego, hoje em 4,1%, deve cair para 3,8% até o final de 2018, e cair para 3,6% até o final de 2019. Para termos uma comparação: o desemprego de “longo prazo”, na opinião do Fed, é de 4,5%. A inflação (medida pelo índice “PCE Core”), hoje em 1,5%, deve ir para 1,9% até o final do ano, e ficar em 2,1% em 2019. Ou seja: em 2 anos, deve estar, marginalmente, acima da meta do Fed, de 2,0%.

Qual é a expectativa para as taxas de juros nos próximos anos?

Para este ano, o Fed manteve a expectativa de 3 elevações de juros. Esta, e mais 2. Os juros, hoje entre 1,50-1,75% ao ano, devem passar para 2,00-2,25% (cada elevação de juros eleva o intervalo em 25 pontos base). Mas, em nossa opinião, não podemos descartar que os juros terminem entre 2,25-2,50%. Ou seja: termos 4 elevações em 2018. Isto está precificado pelo mercado? Não. Hoje, a probabilidade de 3 elevações de juros em 2018 é de 38%; e a de 4 elevações é de uns 25%, segundo cálculos da Bloomberg. Ou seja: o mercado ainda é cético quanto às altas do Fed. Nós, por outro lado, acreditamos que estas probabilidades deveriam ser maiores, e não somos tão céticos quanto o consenso de mercado.

A partir de 2019, os juros continuarão a subir. Hoje, o Fed espera 3 elevações em 2019, e mais 2 em 2020. Isto faria os Fed Funds Rate terminarem entre 3,25-3,50%. Na última vez que o Fed divulgou suas projeções, em dezembro de 2017, esperava 2 elevações para 2019 e apenas 1 para 2020. Esta foi, portanto, uma mudança importante que veio à tona nesta semana: por conta de uma economia mais aquecida, os juros tendem a ser mais altos à frente.

A seguir, veja um gráfico sobre a evolução das expectativas dos dirigentes do Fed quanto às taxas de juros. Assim como mostrei para as taxas de juros, aqui podemos ver quais eram as projeções nas últimas 2 divulgações de projeções oficiais (dezembro de 2017 e setembro de 2017).

Importante: muitos economistas têm destacado que a postura do Fed para as taxas de juros pouco mudou de dezembro pra cá. Afinal, ainda esperam 3 elevações, ao todo, em 2018. Discordamos. Primeiro: acabamos de mostrar que as projeções mudaram para 2019 e 2020. Agora, o Fed espera juros maiores. Para 2018, embora a mediana das projeções tenha permanecido a mesma (2,1%; ou seja, 3 elevações), nas entrelinhas, vemos alguns sinais importantes, e que não devem passar desapercebidos.

Vejamos…

•  Para 2018, de 3 meses pra cá, a “composição” das opiniões dos dirigentes do Fed mudou. Podemos ver isto através do “gráfico das bolinhas” (a seguir). Em dezembro, apenas 4 dirigentes acreditavam em juros acima de 2,25%. Hoje, são 7. Do lado contrário, em dezembro, 6 dirigentes acreditavam em juros abaixo de 2%. Hoje, são apenas 2. Perceba: cada “bolinha” representa a opinião de 1 dirigente do Fed, embora não seja possível identificar quem é quem;

•  Para 2019 e 2020, além da mediana das projeções ter aumentado, vemos um viés mais “duro” nas opiniões (mais “hawkish”, usando o termo em inglês). As opiniões ficaram mais “esticadas”: se considerarmos a mínima e máxima das projeções, houve um claro aumento destes pontos.

Dito isto, não nos surpreenderia se, na reunião de junho (dias 12 e 13), o Fed passar a mostrar um cenário-base de 4 elevações de juros para 2018, e não 3. Dependerá da evolução dos dados. Em especial, dos dados de inflação. Continuamos acreditando que há um viés altista para a inflação, que fará o Fed adotar uma postura pró-normalização de juros mais clara.

O que é que mais chamou a atenção na fala de Jay Powell?

Powell foi bastante objetivo em sua 1ª coletiva de imprensa: durou, “apenas”, 43 minutos. Janet Yellen, em suas últimas 2 coletivas como presidente, levou mais de 1 hora. Destacamos aqui 3 pontos de sua fala:

1)   Ao contrário de Yellen, Powell adotou uma visão bastante clara – e positiva – em relação à reforma tributária de Donald Trump (pode aumentar os investimentos das empresas e, inclusive, a produtividade da economia);

2)   Evitou falar das medidas “protecionistas” da Casa Branca, embora tenha destacado ouvir “preocupações” de alguns empresários; e

3)   Pretende estudar a possibilidade de as coletivas de imprensa do Fed, pós-reuniões, serem mais frequentes. Hoje, das 8 reuniões de política monetária ao ano, em apenas 4 delas há uma coletiva com jornalistas. Uma mudança como esta, a princípio, daria maior liberdade para que o Fed subisse as taxas de juros nos próximos meses (dada a possibilidade de explicar, de forma cuidadosa, a sua visão, reunião após reunião).

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