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Mercados por TradingView

A culpa não é do empresário

15 de junho de 2018
Escrito por Thiago Guedes
Tempo de leitura: 4 min
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Momentos de crise, como a que o nosso país está vivendo, geram linhas de pensamento perigosas para o nosso futuro. A que eu considero mais nociva é a de que os culpados pelos nossos problemas são os empresários.

Em grupos de família, reuniões de amigos e redes sociais escutei reclamações por causa dos aumentos dos preços em meio à falta de abastecimento. Serviços como o do Uber, que são muito claros na formação de preço por oferta e demanda, foram um dos mais atacados e outros, como postos de gasolina e mercados, também viraram vilões, pois só pensavam em ganhar dinheiro.

Ao hostilizar os empresários estamos atacando a nossa maior fonte de geração de riqueza. São as empresas que criam empregos e geram os impostos que o governo insiste em utilizar da pior forma possível. O que estamos fazendo é o mesmo que ser uma pessoa que se alimenta apenas de ovos, mas reclama da sua própria galinha que, mesmo sem ter o que comer, consegue produzir um ovo por dia.

Oferta e demanda

Comecei minha vida no mercado financeiro como operador de mesa de ações e derivativos. Acompanhar de perto books de oferta, onde vemos em tempo real a atuação de compradores e vendedores, me ajudou a ter uma visão mais clara de como funciona a variação do preço de um ativo. Simplificando, o preço sobe quando tem mais pessoas comprando e cai quando temos mais pessoas vendendo. Um exemplo prático de como a oferta e demanda afeta o preço, foi a falta de abastecimento de gasolina. 

A oferta de combustível caiu drasticamente e a demanda se manteve alta como sempre, com isso é natural que o preço da gasolina suba. Aliado a isso, pense que o dono do posto continua tendo os mesmos custos com funcionários, impostos, aluguel, energia elétrica, etc. O aumento do preço, neste caso, é para compensar o menor volume de vendas do período, e não uma malandragem do dono do posto.

Outro exemplo para que você entenda que o aumento de preços não é necessariamente ambição, e sim algo comum, é se colocar no lugar de alguém que esteja vendendo um carro por R$ 50.000,00. Imagine que este carro possui características exclusivas e por precisar muito do seu carro um comprador ofereça R$ 100.000,00 para comprá-lo. 

Você, por um acaso, venderia abaixo deste valor para não ser um capitalista maldoso? Acredito que você ficaria bem feliz em vendê-lo pelo dobro do preço, certo?

Li também, algumas comparações com empresários de outros países vendendo produtos mais baratos em meio a tragédias. Considero esta comparação falha, pois o que vivemos foi uma classe parando o país inteiro, por escolha própria, para obter benefícios, que serão pagos por todos que foram prejudicados, e não um desastre gerado por força maior.

Empresas são o motor de nosso país


Tenho orgulho de ter empreendido por muitos anos, criando oportunidades e formando vários profissionais para o mercado. Fico feliz de ter acompanhado de perto vários empresários que mesmo após obter a sua independência financeira, continuam investindo seu patrimônio na criação de novos negócios.

Temos que entender que, sem empreendedores, o nosso país para, ou seja, precisamos de pessoas assumindo riscos para que o desemprego diminua e a riqueza seja distribuída. O aumento de produtividade do país também contribui para a diminuição dos preços por causa do aumento da oferta de produtos.

A guerra contra a inflação


Nos anos 80 e 90, nosso país tentou vários planos para acabar com a hiperinflação. Uma das tentativas foi o controle de preços do plano Cruzado. Nesta época, o governo tabelou o preço dos produtos utilizando inclusive donas de casa como guardiãs dos preços.

O tabelamento levou a uma crise de desabastecimento maior do que a que enfrentamos com a crise dos caminhoneiros, pois a oferta de produtos não aumentou de acordo com a demanda e muitos empresários não conseguiam mais produzir novos produtos, já que o custo de produção estava maior do que o valor de venda final.

É importante aprendermos com os erros do passado para não replicarmos nos dias de hoje. Vejo muitas pessoas pedindo para que o preço de alguns produtos essenciais, como o próprio combustível, seja tabelado e isto gera distorções que podem nos levar a uma crise pior do que a atual.

Para quem quer se aprofundar e entender como o tabelamento de preços quebra um país, indico a leitura do livro “Saga Brasileira que conta com histórias da época como o Brasil venceu a luta contra a inflação.

Quer investir neste período de crise? Veja minhas dicas.

 

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