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Crivella: Um político como outro qualquer

16 de julho de 2018
Escrito por Terraco Econômico
Tempo de leitura: 3 min
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Marcelo Crivella, prefeito do Rio de Janeiro, se livrou de um possível processo de impeachment na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Uma gravação do prefeito prometendo conceder benesses com dinheiro público para um grupo de pastores vazou e, logo em seguida, desencadeou no pedido de impedimento. Apesar do ato condenável de Crivella, esse tipo de atitude faz parte de um conjunto de ações bem comum à grande maioria dos políticos brasileiros. Por mais lamentável que possa ser, o prefeito do Rio de Janeiro não fez nada de diferente do que manda a cartilha da política tradicional brasileira. Ele é apenas mais um político com outro qualquer.

Todo político tem um grupo de apoio. Em sua grande maioria esses grupos de apoio são homogêneos e têm necessidades bem focadas e que podem, em sua grande maioria, serem custeadas pelo erário público. Logo, o benefício é concentrado para poucos e dividido para todos. O procedimento básico de todo o político, em qualquer esfera de poder, seja municipal, estadual ou federal, é procurar atender esses grupos de interesse.

Por exemplo, um vereador do bairro X, é eleito pela população daquela região, logo ele tem como principal objetivo agradar aquela população, para angariar apoio em sua próxima eleição. Se o principal problema do bairro é uma rua esburacada, ele vai lutar por essa pauta junto ao prefeito e aos demais vereadores.

O mesmo acontece no caso de um deputado, eleito com uma plataforma pró funcionalismo público. É muito provável que esse deputado vá defender propostas de aumento dos salários do funcionalismo, mesmo que isso implique no agravamento do déficit das contas públicas.

Nos dois exemplos acima, os custos são difusos, distribuídos para toda a população, enquanto os benefícios são concentrados em grupos específicos, pertencentes a uma fração privilegiada da população. O custo da rua é pago por todos os moradores da cidade, e do funcionalismo público, por todos os moradores do país.

Ambos os movimentos políticos são legítimos, dado que ambos os candidatos foram eleitos para atenderem determinadas demandas dos seus eleitores. Mas os anseios políticos precisam passar pelo trâmite legal. Projetos devem ser apresentados, o dinheiro tem que estar disponível e todo esse processo deve ser transparente. Além disso, devem haver leis que visem coibir os excessos na concessão de benefícios para algum grupo específico da população.

O caso de Crivella

O que não deveria ocorrer, mas infelizmente acontece o tempo todo, é a utilização da máquina pública para agradar um grupo específico, de maneira fraudulenta. Esse foi o caso de Crivella, que prometeu certas facilidades, como passar pessoas na fila do atendimento médico, utilizando como critério elas serem ligadas ao seu grupo religioso, sua base de apoio.

Outro exemplo foi a recente votação da LDO – lei de diretrizes orçamentárias, no congresso nacional. Na votação da semana passada, foi visto o flagrante desrespeito com o dinheiro da sociedade. Um festival de benefícios concentrados e custos difusos. Como novos concursos públicos (favorecendo o lobby dos sindicatos de servidores), a aprovação de benefícios fiscais a Estados e generosas ajudas ao setor de transportes (consequência direta da greve dos caminhoneiros). Mais uma vez, todas essas ações possuem um benefício focado em um grupo pequeno de pessoas e empresas e o custo é pago por toda a sociedade.

O caso Crivella apenas repercutiu pelo fato dele ser prefeito da segunda maior cidade do país. Mas todos os dias, fatos análogos, ou até mesmo mais escandalosos, acontecem em todas as esferas do poder público brasileiro. Políticos que se apoderam da máquina pública e do dinheiro de todos para se geraram benefícios para um pequeno grupo, com um custo pago por toda a sociedade brasileira.

Crivella, é apenas um político como outro qualquer, atuante de uma prática comum no país. Ah, se desse impeachment toda vez que as contas públicas são deixadas de lado…

 

 

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