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The Behavior Gap: Contas mentais não são imutáveis

14 de março de 2018
Escrito por Hugo Paixão
Tempo de leitura: 3 min
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Eu sou um entusiasta e incentivador do modelo de investimentos baseado em objetivos, também conhecido como “goal-based investing”, ou método das contas mentais.

Aqui você deve entender por objetivo financeiro, aquilo que dependerá de um desembolso de dinheiro relevante para ser realizado em um futuro próximo.

Da perspectiva de um planejador financeiro, este método possui incontáveis benefícios aos seus praticantes. Leva o investidor a ter consciência financeira, pensar no futuro, entender como gastar dinheiro e o ter noção do custo de conquistas importantes.

Quando você lista seus objetivos, um planejamento voltado a eles ajuda você a priorizar e alocar recursos de forma mais “objetiva”, com o perdão do trocadilho. Este método também ajuda você a gerenciar o risco de acordo com o horizonte temporal para a conquista de cada um de seus objetivos

Bem, apesar de conhecidas as vantagens e benefícios do GBI, meu post de hoje visa alertá-lo sobre algumas possíveis armadilhas que as contas mentais podem nos levar.

AS ARMADILHAS DAS CONTAS MENTAIS

O grande problema que os investidores que adotam o GBI encaram é: “dinheiro é dinheiro” quando pensamos em seu poder de compra. Ou seja, os mesmos R$100 reais no seu bolso disponível agora para pagar um jantar, são os mesmos R$100 reais disponíveis para investir na faculdade dos seus filhos.

A grande vantagem de se pensar via contas mentais é que nós damos rótulos a nossas quantias de dinheiro separando-as em uma espécie de “caixas” distintas, de acordo com a função de cada uma, como “conta lazer” para restaurantes e afins e “ensino superior da Mariazinha” para destinar aos estudos de sua filha, por exemplo.

Esta simples separação pode mudar radicalmente a forma como nos comportamos financeiramente e pensamos sobre dinheiro.

Isso pode ser muito benéfico, porém, ao mesmo tempo, pode nos causar alguns problemas.

Imagine que você esteja poupando para a faculdade de sua filha, a Mariazinha, e já tenha uma quantia considerável guardada em um investimento exclusivo para esta finalidade.

No entanto, alguns amigos que você não via há muito tempo convidam você para uma viagem juntos, atividade que requer certo investimento e, para piorar sua situação, sua “conta lazer” está completamente zerada devido sua última viagem.

Nada impede você de pegar um dinheiro “emprestado” da faculdade de sua filha, pois, como disse anteriormente, dinheiro é dinheiro. E você pensa que poderá repor assim que possível o fundo da Mariazinha.

Antes de sacar do fundo da faculdade, você é tomado por sua consciência financeira e prefere recusar o convite de seus amigos para viajar.

Este é um bom exemplo do autocontrole proporcionado pelas contas mentais: como desistir da viagem é melhor do que prejudicar o futuro de sua filha. Tenho certeza que você se sentirá menos culpado.

No entanto, mude um pouco a situação e o cenário pode levá-lo a uma armadilha financeira muito pior.

Imagine que agora, ao invés de ser convidado para viajar, você precisa pagar um custo extra em seu cartão de crédito devido um reparo em sua casa por conta de uma infiltração. E, assim como no exemplo anterior, sua conta mental de “reserva de emergência” também estava zerada, infelizmente.

Neste caso, você terminará pagando taxas de juros altíssimas caso não pague sua fatura, taxas bem maiores que o possível rendimento do investimento escolhido para poupar para a faculdade de sua filha.

Tomado novamente por sua consciência financeira, você mais uma vez prefere pagar pelas taxas de juros mais altas do cartão ao invés de retirar dinheiro do futuro de sua filha querida.

NÃO FAÇA ISSO! É ABSOLUTAMENTE IRRACIONAL!

Acredite, evidências empíricas mostram que muitas pessoas que levam o GBI a risca, incorrem neste tipo de equívoco.

Moral da história: apesar de pensar suas finanças de forma voltada a seus objetivos de vida ser altamente eficiente, você não deve pensar nas suas contas mentais de forma inflexível, imutável e descontextualizada.

Dê um passo atrás e se pergunte se dada sua situação atual, sacar ou não sacar determinada quantia faz sentido financeiro naquele momento.

[IN-CONTENT] ABRA SUA CONTA [NOVO] - NORMAL - END
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