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Mercados por TradingView

A revolução silenciosa da bolsa de valores em 2017

9 de janeiro de 2018
Escrito por Terraco Econômico
Tempo de leitura: 4 min
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O ano de 2017 já acabou, nos aproximamos da metade do primeiro mês de 2018, mas podemos realmente dizer que ano passado foi o ano da bolsa. Sua valorização espetacular é um dos motivos, mas não foi o único grande acontecimento da bolsa brasileira neste ano.

Além da volta dos IPO’s, aconteceram operações importantes, feitas por grandes empresas com o objetivo de acabarem com as diferentes classes de ações.

Calma, vamos explicar com o calma o que isso significa.

Basicamente existem duas classes de ações. Na maioria dos mercados acionários mundiais, ao decidir que irá investir seu dinheiro em ações de determinada empresa, o investidor já escolhe automaticamente o papel que irá comprar, pois existe somente uma classe de ação.

Ao contrário do que acontece lá fora, no Brasil o investidor precisa escolher qual a classe de ação irá incluir na sua carteira: ordinárias ou preferenciais.

Ordinárias (ON): A grande característica desta classe de ação é o direito a voto dos detentores da ação nas assembleias das empresas.

Preferenciais (PN): Esse tipo de ação não dá direito de voto ao acionista, contudo, são “preferenciais” no recebimento de dividendos e em caso de liquidação da empresa, ou seja, no caso de falência ou outro motivo de fechamento da companhia, os possuidores de preferenciais têm maiores chances de recuperar parte de seus investimentos. No Brasil, em geral, as ações preferenciais possuem melhor liquidez em bolsa que as ordinárias.

Anteriormente, era possível que a família que fundou o negócio o controlasse tendo a maioria das ações ON enquanto existiam centenas de grandes investidores que fossem donos das PN’s e que acabavam por ficar a mercê dos caprichos dos controladores, principalmente quando as ações que davam o controle eram vendidas.

A grande vantagem de apenas uma classe de ações, é que os minoritários estão protegidos de operações que visem mudar a estrutura de controle da empresa. Tal mecanismo de proteção é o chamado “tag along”.

Com o “tag along”, o comprador da parte pertencente ao bloco controlador é obrigada a fazer uma oferta pública de aquisição das ações ordinárias pertencentes aos minoritários de, no mínimo, 80% do valor pago pela aquisição das ações do grupo controlador.

Em outras palavras, o seu Luiz pequeno investidor que possui meras 50 ações da empresa, vai receber um valor bastante próximo da família Souza, que é a dona da empresa, por exemplo.

A grande vantagem de existir uma única classe de ações, as ON, é a isonomia entre todos os investidores. O que torna todos os investidores de uma empresa, iguais perante ao mercado.

As grandes empresas brasileiras rumo a classe única. A grande operação deste tipo, ocorrida em 2017, foi a da Suzano papel e celulose. Onde a decisão veio da família que controla a empresa, os Feffer. O motivo para a operação, foi para aumentar o número de ações ON, de forma que a Suzano pudesse usar uma parte das ações para comprar outras empresas.

A decisão de unificar as ações foi muito positivo e trouxe valorização para os papéis da empresa. Além do fato que com mecanismos como o tag along, investidores antes desconfiados das mudanças de controle que acontecem no Brasil, como os fundos internacionais, se sentem mais seguros e acabam decidindo colocar recursos aqui.

A gigante global da mineração, Vale, também transformou suas duas classes de ações em apenas uma. Um movimento louvável, principalmente por uma empresa que tinha, indiretamente, o governo como um dos grandes acionistas (via fundos de pensões de empresas estatais e BNDES), uma forma de dizer ao mundo que os minoritários receberão o mesmo tratamento que os controladores e o governo em uma eventual venda.

Além das gigantes, as novas empresas que têm vindo a Bolsa, tem todas optados por já chegarem na festa participando do novo mercado (onde a empresa só pode ter a classe ON de ações). Hermes Pardini, Camil e Carrefour, todas essas debutantes em 2017, são membros do novos mercado.

No final do dia, a unificação dos papéis significa que o mercado brasileiro está se tornando mais eficiente na proteção dos interesses (e do capital) dos acionistas minoritários. O que abre um leque interessante de oportunidades para o nosso mercado. Como falamos acima, investidores antes inseguros em relação ao ambiente da bolsa brasileira, passam a contar a com a proteção em uma eventual venda do controle da empresa.

Mais investidores participando, com mais segurança, significa um mercado de ações mais líquido e eficiente. O só torna o investimento em ações ainda mais vantajoso e competitivo.

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