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Andrés Manuel López Obrador, conhecido por sua sigla AMLO, venceu as eleições no México. Uma espécie de Lula do país do guacamole, levou a peleja eleitoral em sua terceira tentativa, inaugurando o primeiro governo de esquerda do México. AMLO, foi prefeito da cidade do México e tem uma agenda pouco liberal, apesar de já estar sinalizando que não irá alterar radicalmente os caminhos da economia mexicana, assim como Lula ‘paz e amor’ fez por aqui quando venceu em 2003. AMLO é a esquerda pragmática.
Mesmo antes de assumir o poder, o presidente eleito do México enfrenta um período de transição de cinco meses repleto de riscos, incluindo o risco real de que o presidente dos EUA, Donald Trump, imponha tarifas ao setor automobilístico – a espinha dorsal da indústria mexicana – ou atrapalhe o Nafta (a zona de livre comércio entre México, Estados Unidos e Canadá).
Ele assumirá o cargo com expectativas altas, tendo feito campanha com promessas de erradicar corrupção e impunidade, ter uma política fiscal prudente e austera, canalizar recursos públicos para projetos de infraestrutura para impulsionar o crescimento e oferecer aos jovens bolsas de estudo.
Obrador também prometeu aumentar as pensões, subsidiar os agricultores que lutam para competir com produtos americanos e colocar os “pobres e esquecidos” em primeiro lugar. Mas, embora suas prioridades sejam claras, ele ainda precisa detalhar como pretende alcançá-las.
Vale lembrar que 60% dos títulos do governo do México estão em mãos estrangeiras, logo AMLO não poderá ser irresponsável ao conduzir a política econômica mexicana, pois ao menor sinal de populismo ou irresponsabilidade fiscal, os investidores poderão punir o México.
Em sua primeira entrevista desde a vitória eleitoral, o político veterano de 64 anos enfatizou a reconciliação com seus adversários políticos derrotados, o respeito nas relações dos EUA e a estabilidade para os mercados financeiros assustados pelo nacionalismo esquerdista poderia lançar o México no caos populista. Pragmatismo puro.
AMLO é filho de um lojista do estado de Tabasco, que teve sorte pela terceira vez depois de perder a disputa pela presidência em 2006 e 2012. Seu triunfo reflete seu sucesso em ampliar seu apelo para além do extrema-esquerda para ganhar apoio em todos os grupos demográficos e geográficos. Sua promessa de enfrentar a escalada da corrupção e da violência no México repercutiu nos eleitores, tanto que os céticos que o temiam acabaram arriscando e lhe dando um voto de confiança.
Segurando um ramo de oliveira para as elites políticas e empresariais que ele criticou como a “máfia do poder”, López Obrador prometeu honrar a autonomia do Banco do México, bem como respeitar a moeda, as empresas, o trabalho, e as liberdades religiosas, sexuais e de imprensa. A semelhança com o Lula de 2003 é gritante.
Além disso, AMLO prometeu prudência em suas relações com Trump e nomeou Marcelo Ebrard, um ex-prefeito da Cidade do México que conhece alguns membros da equipe de Trump, para ajudar a moldar as relações internacionais como parte de sua equipe de transição.
López Obrador escolheu Jesús Seade, ex-vice-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, para liderar as negociações do Nafta. Analistas disseram que a vitória eleitoral de AMLO poderia ser uma vantagem em suas negociações com Trump – tornando-o alguém que o presidente dos EUA consideraria um peso-pesado.
Agora é esperar pra ver, se o pragmatismo puro de AMLO irá resistir as dificuldade de conduzir um país mergulhado na violência do narcotráfico, ao mesmo tempo que luta contra o poderoso vizinho americano que está em uma cruzada contra imigrantes e contra o comércio bilateral com o México.