Segundo Tempo: mais ameaças

Introdução: As bolsas dos EUA operam com ganhos, enquanto os mercados Europeus devem encerrar a sessão em baixa. O dólar opera firme ao redor do mundo, e commodities seguem sem direções claras. Por aqui, o Ibovespa tem baixa (e oscila próximo dos 78 mil pontos). Ultrapar é destaque de queda. No mercado de câmbio, e de juros, vemos pressões altistas, em linha com o quadro externo.

CENÁRIO EXTERNO: DIA MISTO PARA AS BOLSAS GLOBAIS.

Mercados… O dólar ganha forças no exterior, e os juros das Treasuries avançam (10 anos ~2,95%). As commodities, por outro lado, operam sem direções claras. O brent , em especial, tem baixa de 0,5% e oscila ao redor de US$72-73/barril. Nos EUA, Dow Jones e S&P 500 avançam. Na Europa, entretanto, a sessão deve terminar em baixa. Em suma: mesmo com a tensão comercial no radar dos investidores, além do encontro do G-20, o dia diminui a maior aversão ao risco. Vale comentar: a volatilidade, medida pelo índice VIX, reverte o movimento de alta observado mais cedo e têm leve queda nesta tarde.

Mais ameaças… Trump voltou a ameaçar (mais uma vez!) o Irã. Falamos disto no Mercados Hoje. Donald disse que o país pérsio estaria arriscando “consequências do tipo que poucos sofreram antes ao longo da história” se o Irã fizesse mais ameaças aos EUA. O aumento das tensões envolvendo Irã-EUA ocorre após pressão americana em torno dos programas nucleares, e apoios a grupos militantes, dos iranianos. O Irã já vem enfrentando crescente pressão dos EUA, e pode sofrer novas sanções, desde que Trump decidiu retirar os EUA do acordo internacional de 2015 (isto é, o acordo sobre o programa nuclear do Irã).

BRASIL: IBOVESPA EM BAIXA; DÓLAR E DIS AVANÇAM.

Mercdos… O dólar opera com ganhos frente ao real, enquanto os DIs tem viés também altista. O Ibovespa recua, acompanhando o movimento das bolsas internacionais. Os movimentos não nos surpreendem, e estão em linha com aquilo que esperávamos pela manhã (veja o Mercados Hoje ). O dia é de ajustes, após a “euforia” da última sessão. Por outro lado, a percepção de risco país, medida pelo CDS de 5 anos, recua ao redor de 2,5%, ao redor das 14h, e oscila entre 224-225 pontos base.

Sobre o Ibovespa… As ações da Vale se mantêm como o principal destaque de alta, em linha com a valorização do minério de ferro na China. Suzano também tem alta expressiva, em dia de alta do dólar, recuperando parte das perdas da última dessão. Na outra ponta, Ultrapar recua firme, após alteração de recomendação por parte das outras casas de análise. Vale lembrar: o Ibovespa subiu nas últimas 4 semanas, de forma consecutiva.

Atentos ao possível vice… No front político, as atenções se voltam às convenções partidárias. Hoje, o empresário Josué Gomes (PR) deve se encontrar com o ex deputado Valdemar Costa Neto – quem comanda as negociações do PR. Também encontrará Geraldo Alckmin (PSDB), em SP. Se aceitar ser o vice do tucano, o anúncio pode ser feito já nesta 5ª (dia 26), quando se espera uma possível oficialização do “centrão” em torno de Alckmin. Esta expectativa é o que, desde o final da última 5ª (dia 19) tem contribuído de forma positiva para os mercados locais.

A proposta do PT… Fernando Haddad (PT), coordenador do programa de governo do PT, detalhou a proposta inicial do partido para acelerar a retomada da economia. Segundo Haddad, há 3 pontos centrais: (i) colocar mais crédito em circulação no mercado, em especial para a população mais carente (que está propensa a gastar mais); (ii) reforma tributária progressiva; e (iii) aumento dos impostos de instituições financeiras que não diminuírem o spread bancário. Mais: o partido também volta a apostar na retomada dos investimentos federais (obras públicas, especialmente aquelas que estão próximas de sua conclusão).

 “Os bancos que mantiverem os spreads no patamar atual terão uma tributação progressiva e portanto um incentivo a reduzir os spreads com a possibilidade de pagar tributos menores”, explicou Haddad em entrevista à Reuters.

Mais PT… O texto já teria sido aprovado pelo ex presidente Lula, que segue preso em Curitiba há mais de 100 dias, acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O programa de governo do PT está sendo finalizado, e deverá ser reapresentado oficialmente na convenção do partido (4 de agosto). A expectativa, por ora, é que Lula seja confirmado como candidato do PT nesta convenção. Como prováveis substitutos, seguem Haddad e Jaques Wagner.

A próxima “briga”: os salários… O último reajuste dos ministros do STF foi sancionado em 2015, por Dilma Rousseff. Ou seja: desde que Cármen Lúcia assumiu a presidência da Corte não houve aumento, e nem reajuste, para esses ministros. Assim, acredita-se que o próximo presidente — seja quem for – terá que lidar com tal questão. Segundo o Drive (newsletter do Poder360), os 5 tribunais superiores gastaram, no total, R$1,5 bi com pessoal e encargos no 1º semestre de 2018 (ou seja, registraram um crescimento de 81,7% em relação ao ano de 2001; neste mesmo período, a inflação ficou bem abaixo, e atingiu 192,6%).

Em suma… Sem destaques na agenda macro, aqui e no exterior, o dia permanece mais negativo para ativos de risco. Assim, os movimentos vão em linha com o que esperávamos mais cedo (bolsa em baixa, dólar e DIs em alta). Afinal, como temos ressaltado em nossos últimos relatórios, essa janela de curto prazo não nos parece muito favorável, pelo menos, em nossa visão. Por aqui, o ambiente ainda é repleto de incertezas com relação as eleições de outubro. Lá fora, a normalização das políticas do BC americano e europeus devem continuar a pressionar os mercados emergentes. As atenções, por ora, se voltam à temporada de resultados corporativos.

Sobre as oscilações do pregão:

Ibovespa: : -0,35%, aos 78.296 pontos;
Real/Dólar: +0,38%, cotado a R$3,784;
Dólar Index: +0,18%, 94,646;
DI Jan/21: +02 pontos base; 9,090%;
S&P 500: +0,20%, aos 2.808 pontos.

*Por volta das 15h36, horário de Brasília. Obs.: a taxa de câmbio utilizada é a referência da Bloomberg.

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