Introdução: Os mercados externos apresentam menor aversão a risco. As bolsas e a maioria das commodities se recupera. Dólar e juros das Treasuries sobem. Receios de “guerra comercial” entre EUA e China continuam, mas prevalece a expectativa de que a tensão não continuará a subir. No Brasil, o noticiário é concentrado na prisão de Lula. O mercado revisou a inflação e o PIB deste ano para baixo, e economistas esperam o IPCA de março (amanhã), que deve desacelerar. Atenções à 4ª (11), quando o STF pode propor uma revisão ao entendimento de 2016, de prisão após condenação em 2ª Instância (que afetaria o “caso-Lula”, claro).

CENÁRIO EXTERNO: EXPECTATIVA POR DISCURSO DE XI JINPING.

O “básico” dos mercados… As bolsas sobem na Europa, após sessão positiva na Ásia. Nos EUA, S&P futuro sinaliza boa abertura para esta sessão. O dólar e os juros das Treasuries operam em alta, em meio à menor aversão a risco. O viés é altista para as commodities. O brent sobe, e oscila ao redor de US$67,5/barril. O minério de ferro na China subiu 0,6%, a US$63,95/tonelada.

Maior receio de “guerra comercial”… Investidores seguem atentos à tensão entre EUA e China. No momento, um novo capítulo da disputa pode ter uma depreciação proposital da moeda chinesa, por exemplo. O governo do país, segundo tem sido ventilado na mídia, estuda como limitar o impacto das tarifas propostas por Trump.

Para Powell, vale o “gradual”… Em sua fala em Chicago, na semana passada, o presidente do Fed ressaltou que, apesar do mercado de trabalho aquecido, não houve forte pressão salarial. A relação entre mercado de trabalho e inflação segue válida, embora mais fraca do que antes. E, para os próximos meses, prevê uma normalização gradual das taxas de juros.

Agenda dos próximos dias… Atenção à fala do presidente da China Xi Jinping no Boao Forum (3ª). Nos EUA, o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, vai ao Senado (3ª) e à Câmara (4ª), para falar sobre o escândalo envolvendo a Cambridge Analytica. No front macro, destaque para os dados de inflação ao consumidor nos EUA e à ata do Fed (4ª, dia 11). Na 6ª (13), saem os balanços de JP Morgan, Citigroup e Wells Fargo, sobre o 1T18.

BRASIL: MERCADO REVISA IPCA E PIB DE 2018 PARA BAIXO.

Contra dispersão, Curitiba é nova “base”… Após Lula ser preso, o PT deve fazer amanhã uma reunião de sua executiva, em Curitiba. A estratégia é seguir com a tese de “preso político”. Aliás, discute-se transferir a sede do partido para Curitiba. O ex-presidente tentou, em discurso, evitar uma dispersão dos seus apoiadores. Gleisi Hoffmann (PT-PR), neste contexto, afirmou: “Não vamos sair de Curitiba”.

Qual a estratégia do PT? No que diz respeito à corrida eleitoral, parece-nos pouco provável, no atual contexto, que o partido faça uma aliança com Ciro Gomes (PDT), por exemplo. Vale notar: nem o PDT nem a Rede, de Marina Silva, estiveram no “ato” de São Bernardo do Campo, neste final de semana. Dentro do PT, não há “plano B”: Jaques Wagner prefere concorrer ao Senado pela Bahia, e Fernando Haddad parece enfrentar resistências internas.

Sobre Marina Silva… Lançou a sua pré-candidatura neste sábado (7); defendeu o fim do foro privilegiado, e reforçou seu apoio ao cumprimento de pena após a condenação em 2ª instância. O slogan era: “Não dá para querer mudar e não mudar. 2018 chegou” . Mas, vale notar: tendo perdido 2 deputados na “janela partidária”, a Rede não tem vaga garantida nos debates de televisão (dado que precisa, segundo a lei, ao menos 5 parlamentares no Congresso).

E Joaquim Barbosa? Como dissemos dias atrás, levantamentos internos do PSB estariam apontando que Barbosa, recém-filiado, poderia chegar com forças até o 1º turno (caso decida se candidatar). Sem Lula no páreo, conseguiria um 2º lugar no 1º turno e, num eventual confronto contra Bolsonaro (PSL), num 2º turno, levaria a disputa. Importante: o PSB comanda 4 Estados e o DF. Juntos, têm ao redor de 48 milhões de eleitores. Dito de outra forma: Barbosa é, em nossa opinião, uma das possíveis “surpresas”.

“Não existem atalhos. O que existe é trabalho duro e a política certa aplicada de forma consistente durante um longo tempo. Muito obrigado e vamos em frente”, Henrique Meirelles, via Twitter, após confirmar a sua saída da Fazenda (6ª, dia 6).

Troca-troca em Brasília… Temer participa hoje (10h30) da posse de Dyogo Oliveira na presidência do BNDES, que deixa o Planejamento. Esta pasta será assumida por Esteves Colnago. Além disso, Temer deve dar posse a 9 ministros durante a semana (talvez amanhã). Importante: ontem, o presidente definiu que Moreira Franco, atualmente na Secretaria Geral da Presidência, assumirá a pasta de Minas e Energia.

Na agenda de hoje… Além do Boletim Focus, sai a balança comercial semanal (15h). Mais: o BC inicia a rolagem do vencimento de swap cambial de 02/05, ofertando até US$170 milhões, distribuídos entre os vencimentos 08/18 e 01/19. Registre-se: caso este ritmo se mantenha até o dia 27, o BC rolará integralmente o volume de US$2,565 bi.

Boletim Focus… O mercado revisou pela 10ª semana seguida o IPCA deste ano para baixo, de 3,54% para 3,53%. Para 2019, espera 4,09%. O PIB deve crescer 2,80% em 2018, abaixo dos 2,84% esperados na semana passada; e 3,00% em 2019. Para a Selic e o câmbio (fim do período) de 2018, no entanto, não houve alterações. A Selic deve terminar em 6,25%, e o câmbio deve ficar em R$3,30.

Para os próximos dias… No front macro, 3 divulgações do IBGE: (1) IPCA de março (3ª); (2) vendas no varejo (5ª) e (3) dados sobre o setor de serviços (6ª). O 1º se refere a março; os 2 últimos a fevereiro. No front político, as atenções se voltam à 4ª: o ministro do STF Marco Aurélio pode pedir que seja revista a decisão de 2016, que autoriza a prisão após o fim dos recursos na 2ª instância. Na mesma 4ª, o Supremo analisará: (1) a decisão liminar do ministro Dias Toffoli que concedeu prisão domiciliar ao deputado afastado Paulo Maluf (PP-SP) e (2) um pedido de habeas corpus de Antonio Palocci.

E os mercados hoje? O exterior se mostra um pouco mais favorável para ativos de risco. Aqui, o nosso viés é ligeiramente mais positivo, com bolsa em alta e queda de dólar e juros futuros, a despeito da incerteza política. Vale notar: a atuação anunciada pelo BC pode ajudar a diminuir a pressão altista sobre o câmbio, ainda que de forma marginal.

Ignacio Crespo – Economista

Sobre o fechamento do último pregão:

Ibovespa: -0,46%, aos 84.820 pontos;
Real/Dólar: +0,71%, cotado a R$3,369;
Dólar Index: -0,39%, 90,108;
DI Jan/21: +07 pontos base, 8,090%;
S&P 500: -2,19% aos 2.604 pontos.

Fonte: Bloomberg. Obs.: a taxa de câmbio utilizada é a referência da Bloomberg

EMPRESAS:

Banrisul: Estado do Rio Grande do Sul não fará mais oferta pública de ações.
Impacto: Neutro.

BRF: Abilio monta chapa e reabre disputa no conselho da BRF.
Impacto: Marginalmente Negativo.

Usiminas: Cia avalia a venda da fábrica Zamprogna.
Impacto: Marginalmente Positivo.

Luis Gustavo Pereira – Estrategista

Jornais:

Folha de São Paulo
– Após prisão, PT diz que Lula ainda é candidato
– Salário de aposentado precoce cai de 30% a 80%
– Nova política leva 1.500 deficientes às universidades
– Viagem de trem a Cumbica pode levar duas horas

O Estado de São Paulo
– Presidenciáveis disputam espólio eleitoral de Lula
– Delegado diz que “é hora” de Temer, Aécio e Alckmin
– EUA acusam Síria de usar arma química
– Corinthians vence Palmeiras na casa do rival e é bicampeão

O Globo
– Reação à prisão de Lula e eleição racham PT
– O mais novo negócio das milícias no Rio: imóveis
– Uma taça com o DNA alvinegro
– Campeão no Sul, Renato Gaúcho fiz não ao Flamengo

Valor Econômico
– Prisão de Lula volta às mãos do STF
– Emprego indica retomada lenta
– Cai medida que onerava fundo fechado
– Falta interesse por fábricas da Petrobras

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Ignácio Crespo Rey
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