Introdução: As bolsas mostram algum esboço de melhora, e o dólar, após valorização de ontem, passa por certo “alívio”. Ainda assim, segue no radar o risco de os juros subirem mais nos EUA (fruto de mais inflação por lá). No Brasil, atenção aos dados de arrecadação (15h) e ao Ibope (à noite). Jornais falam em conversas entre Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT). No “centro”, vemos mais negociações a favor de uma candidatura única. Aliás, a de Temer (MDB) e a de Maia (DEM) podem ter prazo de validade (1ª semana de julho).

CENÁRIO EXTERNO: JUROS AMERICANOS NO RADAR.

O “básico” dos mercados… As bolsas de Europa esboçam uma melhora, após ganhos nas bolsas de Xangai (China) e Nikkei (Japão), na Ásia. Nos EUA, S&P futuro opera no azul. O dólar tem leve queda hoje, e moedas de emergentes operam mistas (após caírem em bloco ontem). Os juros das Treasuries seguem em patamares altos, mas também passam por algum “alívio”. Os juros de 10 anos oscilam ao redor de 2,97%.O mercado seguirá muito atento ao mercado de juros nos EUA. Este pode dar o tom nos mercados de câmbio e bolsa ao redor do mundo.

EUA: 10 anos (ainda) perto de 3,0%… O Tesouro americano oferecerá hoje pouco mais de US$ 100 bilhões em títulos, de curto prazo. Os juros destes papéis seguem em patamares altos, e movimentos recentes têm chamado a atenção de muitos investidores. Acreditamos que a perspectiva de juros mais altos continuará a gerar um ambiente mais volátil. Mas os fundamentos segue sólidos (economia dos EUA deve continuar crescendo) e, por isso, não vemos uma mudança de tendência para os mercados acionários.

EUA: e os passos do Fed? O mercado atribui uma probabilidade de 64% dos juros subirem em junho. No início do ano, esta probabilidade era de 40%, segundo cálculos da Bloomberg. Se isto acontecer, terá sido a 2ª em 2018. E os Fed Funds Rate passarão de 1,50-1,75% para 1,75-2,00%. Mas há quem aposte em mais elevações. Ao todo, podem ser 3 (o cenário-base do Fed) ou até 4, em 2018. Nós, desde o final do ano passado, temos acreditado em, ao menos, 3.

Na agenda macro de hoje… Nos EUA, às 11h, saem as vendas de moradias novas de março; e o índice de confiança do consumidor de abril. No front micro, 33 empresas do S&P 500 divulgam seus números, segundo a Bloomberg. Por fim, sem horário confirmado, Trump e Macron devem conceder coletiva de imprensa hoje.

BRASIL: ARRECADAÇÃO E IBOPE SÃO DESTAQUE; HADDAD E CIRO CONVERSAM.

Sobre o caso-Lula… O relator da Operação Lava-Jato no STF, ministro Edson Fachin, liberou para julgamento na 2ª Turma o recurso do ex-presidente Lula contra a execução de sua prisão. Isto dá esperanças à defesa de Lula. O caso será analisado em plenário virtual, ou seja, julgado sem necessidade de reunião “física” dos ministros. O recurso deve ser examinado na 1ª quinzena de maio.

PT insiste em Lula… Mesmo preso, e barrado pela Lei da Ficha Limpa, o PT pretende dar início à pré-campanha de Lula ao Planalto. A decisão teria sido tomada ontem, em Curitiba. Registre-se: a convenção do PT está marcada para o dia 28 de julho. Ainda assim, na Folha de hoje, comenta-se sobre uma reunião no escritório de Delfim Netto, com a participação de Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT): estes ainda acham possível uma aliança entre os partidos.

“O ‘polo popular, democrático e progressista’, defendido por FHC no seu último livro […] deu ontem um passo à frente significativo: Ciro Gomes, Fernando Haddad, Delfim Netto e Luiz Carlos Bresser-Pereira reuniram-se pela manhã. A concordância deles quanto ao que fazer foi completa”, Folha de SP.

Haddad e Lula mais próximos… Em tempos de negociação (interna e com outros partidos), a coluna de Monica Bergamo, na Folha, afirma que Haddad (PT) foi à OAB ontem buscar a sua carteira de advogado, aonde está inscrito desde 1987. Com isto, Haddad pode se habilitar para advogar em qualquer ação de Lula. Mais: em tese, terá acesso livre a Lula na prisão.

E o “centro” nisso? É cada vez mais nítida a necessidade de uma aliança entre os partidos tido como de “centro”. Segundo o Estadão, a candidatura de Temer teria prazo de validade: a 1ª semana de julho. Aliás, além da candidatura de Meirelles (MDB), que também pode ter prazo de validade, o Broadcast fala que a de Rodrigo Maia (DEM) iria até a última semana de junho ou 1ª de julho. A estratégia do DEM seria manter Maia nos holofotes até o período das convenções partidárias.

Boletim Focus… Voltamos a comentar aqui as novas projeções do mercado. Para o IPCA de 2018, espera-se agora 3,49% (sequência de 11 semanas seguidas de revisões baixistas foi interrompida!). Para 2019, a projeção caiu, de 4,07% para 4,00%. O PIB deve crescer 2,75% neste ano, e 3,00% no próximo. Há 1 semana, previa 2,76% para 2018. A Selic foi mantida: 6,25% e 8,00%, considerando o final de 2018 e 2019, respectivamente. O câmbio, na mesma métrica, deve fechar este ano em R$3,33, e ir para R$3,40 no fim de 2019.

Agenda de hoje… No front macro, a confiança do consumidor recuou em abril. Segundo a FGV, passou de 92,0 pontos em março para 89,4. Às 15h, a Receita divulga dados de arrecadação de março. Deve ter alcançado R$109 bi, segundo a Bloomberg . Os olhos também estão voltados a Ilan Goldfajn (BC), em meio à pressão de alta sobre o dólar. Às 11h, concede entrevista à Globo. Por enquanto, o BC não anunciou nenhuma operação no mercado. Outro destaque será a pesquisa Ibope (que deve sair apenas à noite, às 19h20, na TV Bandeirantes). Embora seja restrita a SP, será importante para ver a aceitação de Alckmin – e Dória – no Estado.

No front micro… Destaque hoje para o balanço de Santander, pós-mercado. O banco já divulgou seus números no exterior, e o Brasil foi um dos destaques positivos. Segundo relatório do banco, o lucro líquido no Brasil – de 677 milhões de euros (+27% a/a) – foi impulsionado pelo forte crescimento da receita e custos mais baixos. Quanto à BRF, vale notar: o presidente José Aurélio Drummond Jr. renunciou ao cargo assumido há 4 meses.

E os mercados hoje? O viés segue ligeiramente mais negativo por aqui. Vemos uma cautela crescente, em meio a um exterior mais instável e volátil. Assim, embora possamos ver uma recuperação pontual, isto pode se mostrar transitório.

Ignacio Crespo – Economista

Sobre o fechamento do último pregão:

Ibovespa: +0,06%, aos 85.603 pontos;
Real/Dólar: +1,14%, cotado a R$3,452;
Dólar Index: +0,70%, 90,946;
DI Jan/21: +06 pontos base, 7,930%;
S&P 500: +0,01% aos 2.670 pontos.

Fonte: Bloomberg. Obs.: a taxa de câmbio utilizada é a referência da Bloomberg

EMPRESAS:

Banrisul: Banrisul cartões contrata sindicato de bancos para IPO e mira julho.
Impacto: Marginalmente Positivo.

BRF: CEO renuncia e abre caminho para guinada na gestão da BRF.
Impacto: Marginalmente Negativo.

Luis Gustavo Pereira – Estrategista

Jornais:

Folha de São Paulo
– Foro especial beneficia mais de 58 mil no país
– Van atropela pedestres em Toronto e mata pelo menos dez
– Kroton compra Somos, dona do Anglo, por R$ 4,6 bilhões
– Falta de recursos faz o BNDES vender mais e comprar menos

O Estado de São Paulo
– Dólar sobe e instabilidade deve continuar até eleição
– Articulação do Planalto põe Skaf em alerta
– MP vence sem alterar reforma trabalhista
– Suicídios assustam pais e geram reflexão em escolas

O Globo
– Joesley amplia delações e eleva pressão nos partidos
– Lula deixa petistas “à vontade” na eleição
– Lei trabalhista enfrenta impasse
– Falsa ambulância levava maconha à Rocinha

Valor Econômico
– Novo ciclo do petróleo pode gerar receitas de R$ 56 bi
– Fachin envia recurso de Lula à 2ª Turma
– Juro e spread caem pouco e seguram retomada
– Kroton, líder de ponta a ponta

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