Introdução: Investidores acompanham a diminuição da tensão comercial entre EUA e China. E digerem dados ainda fortes da economia americana. O dólar, no entanto, passa por “alívio”, em dia de agenda fraca no exterior. As bolsas operam em leve alta na Europa, e devem abrir no azul em NY. No Brasil, a pressão política recai sobre a política de preços da Petrobras, e frequência de reajustes pode mudar. O Planalto tem pouco espaço de manobra, diante de uma realidade que vem do exterior: o petróleo sobe, em 2018, quase 20%. Quem vai pagar a conta? No front macro, o BC soltou a ata do COPOM, após manutenção da Selic em 6,50%. Em Brasília, o MDB lança o documento “Encontro com o Futuro”, e Temer pode desistir, formalmente, de sua candidatura.

CENÁRIO EXTERNO: TENSÃO COMERCIAL DIMINUI, E DÓLAR TEM “ALÍVIO”.

O “básico” sobre os mercados… Os juros de 10 anos nos EUA seguem ao redor de 3,07%. O dólar, por outro lado, registra leve recuo frente a seus principais pares e maioria de emergentes. As bolsas de Europa têm leve alta, após sessão mais estável na Ásia. Nos EUA, o S&P futuro opera em alta. As commodities operam com viés mais positivo. O petróleo (brent) sobe, na casa dos US$79/barril. Na contramão, o minério de ferro na China recuou 1,36%, a US$64,41/tonelada.

Menor tensão comercial… Após reuniões em Washington (EUA) na semana passada, a China anunciou uma redução das tarifas de importação de carros, de 25% para 15%, válidas a partir de 1º de julho. Isto vem à tona após os governos de EUA e China se aproximarem de um acordo para salvar a empresa ZTE, pós sansões americanas. Vale notar: segundo o Financial Times, estas tarifas, de acordo com padrões internacionais, seguem elevadas.

Nos EUA, um crescimento forte… Segundo o índice de atividade nacional, calculado pelo Fed de Chicago, a economia americana avançou em abril, acima do esperado pelo mercado. O índice passou de 0,32 em março para 0,34 em abril. Dos 85 indicadores que compõem o índice, 50 contribuíram positivamente no mês passado. Segundo o Fed de Chicago, resultados acima de zero e abaixo de 0,7 indicam que a economia opera acima de sua média histórica e sem pressões inflacionárias. Após crescer 2,3% no 1T18 (t/t, anualizado), espera-se que o ritmo fique mais próximo de 3,0%.

Giuseppe Conte, o novo líder? O governo da Itália ainda parece estar em formação. Os partidos Liga e Cinco Estrelas anunciaram o professor universitário de 53 anos, e sem experiência política, Giuseppe Conte, como o novo primeiro-ministro. O nome de Conte ainda precisa ser aceito pelo presidente Sergio Mattarella. A situação ainda demanda cautela. Afinal, Conte, sem laços fortes com estes 2 partidos, radicais e contraditórios, tende a enfrentar dificuldades para se relacionar com os demais países da região.

Na agenda de hoje… Nos EUA, apenas a Sondagem Industrial do Fed de Richmond (11h).

BRASIL: PRESSÕES POLÍTICAS AMEAÇAM POLÍTICA DE PREÇOS DA PETROBRÁS.

Eleições e MDB no foco… Hoje, em evento do partido em Brasília (11h), espera-se que o presidente Temer anuncie que não concorrerá ao Planalto, confirmando a candidatura de Meirelles. A sigla aproveitará para lançar o documento “Encontro com o Futuro”, atualização do programa “Ponte para o Futuro”, lançado em 2015. Assim, o MDB aponta para as propostas dos próximos anos.

Eleições, e os pré-candidatos… Os pré-candidatos à Presidência da República Alvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Manuela D’Ávila (PC do B) e Marina Silva (Rede) encontram-se hoje na capital federal (14h). Palestram em evento da Confederação Nacional dos Municípios”.

Preços de combustíveis… Os preços de derivados do petróleo têm causado problemas ao Planalto, que não tem espaço de manobra para ajustar a elevação da commodity no exterior. Caminhoneiros prometem 5 dias de paralização contra o aumento do diesel. Ontem, já houve paralizações. A nossa opinião? Intervir no mercado pode ser um tiro no pé, dada a situação fiscal; além da sinalização ruim aos mercados. Não há segredo: no exterior, o petróleo já sobe 19% no ano. Esta é uma realidade. No Valor de hoje, especula-se que frequência de reajustes poderia mudar. Ao invés de serem diários, estes poderiam acontecer a cada 10/15 dias.

Balança comercial… Na 3ª semana de maio, o saldo foi superavitário em US$1,924 bi. No mês, o acumulado é de US$5,059 bi. No ano, a balança é de US$25,381 bi. Desta forma, diante de números fortes, esperamos que o saldo de maio termine ao redor de US$8 bi. Para 2018, segundo o Boletim Focus, o mercado projeta um superávit de US$56,1 bi.

Sobre a ata do COPOM… O documento do BC deu mais detalhes sobre as discussões da reunião da semana passada, que surpreendeu ao mercado. Primeiramente, os membros contemplaram a alternativa de reduzir a Selic para 6,25%, diante de uma inflação baixa e arrefecimento recente da economia. Mas, em seguida, avaliaram mantê-la em 6,50%, diante do “choque externo”, que reduzir as chances de a inflação continuar abaixo da meta. Aqui, obviamente, refere-se aos efeitos da depreciação cambial, que poderiam ter um efeito inflacionário. Aliás, o BC comentou que avaliará ao longo do tempo a intensidade do “repasse cambial”, que depende do nível de ociosidade da economia e da ancoragem das expectativas de inflação.

E a comunicação? O BC foi claro, e reconheceu que “a comunicação recente de membros do COPOM foi interpretada por parte do público como indicativa de decisão na direção de uma redução adicional da taxa de juros”. Independente disso, “prevaleceu o entendimento de que focar na melhor decisão possível dado o conjunto de informações disponíveis no momento resulta, ao longo do tempo, em maior credibilidade para a política monetária”.

Boletim Focus… Saiu ontem, mas ressaltamos aqui. O mercado revisou o câmbio para o final de 2018 e 2019, agora em R$3,43 e R$3,45, respectivamente. Há 4 semanas, estas projeções estavam em R$3,33 e R$3,40, respectivamente. A inflação (IPCA) de 2018 e 2019 foi revisada para cima, agora em 3,50% e 4,01%. A Selic para o final de 2019 manteve-se em 8,00%. O PIB deste ano deve crescer 2,50%, e 3,00% em 2019. Lembramos: na semana passada, o BC manteve a Selic em 6,50% — taxa que deve prevalecer ao menos até o início de 2019, em nossa opinião.

Agenda de hoje… O destaque no front macro foi a ata do COPOM. O BC mantém a sua atuação no mercado de câmbio, ofertando até 15 mil contratos de swap cambial. Além disso, Brasília terá reuniões sobre os preços dos combustíveis. Agora pela manhã (9h), Guardia (Fazenda) encontra o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, e o CEO da Petrobras, Pedro Parente. Ana Paula Vescovi concede entrevista coletiva sobre o Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas, do 2º bimestre (10h).

E os mercados hoje? O viés para os mercados locais é mais positivo (viés positivo em bolsa, e de baixa em dólar e DIs), diante do exterior com menor aversão a risco e alívio no dólar. Aliás, o CDS de 5 anos do Brasil recua nesta manhã. Mas vale acompanhar desdobramentos sobre a política de preços da Petrobras – algo que pode mexer, e muito, com seus papéis (consequentemente, com o Ibovespa).

Ignacio Crespo – Economista

Sobre o fechamento do último pregão:

Ibovespa: -1,52%, aos 81.815 pontos;
Real/Dólar: -1,62%, cotado a R$3,677;
Dólar Index: +0,04%, 93,677;
DI Jan/21: -14 pontos base, 8,790%;
S&P 500: +0,74% aos 2.733 pontos.

Fonte: Bloomberg. Obs.: a taxa de câmbio utilizada é a referência da Bloomberg

EMPRESAS:

Petrobras: Governo discute redução da frequência de repasses
Impacto: Negativo.

Luis Gustavo Pereira – Estrategista

Jornais:

Folha de São Paulo
– Ministro liberou na Caixa verba usada em negócio do filho
– Ronilson Rodrigues: Promotor quis me forçar a delatar Kassab no caso do ISS
– Cético do clima no cerrado é bancado por empresas rurais
– Diesel sobe, e caminhoneiros protestam em 20 Estados e DF

O Estado de São Paulo
– Brasil e vizinhos rejeitam Maduro; EUA adotam sanção
– Odebrecht acerta com bancos acordo de R$ 2,6 bi
– AGU alertou Planalto sobre Decreto dos Portos
– MP investiga suposta propina a presidente do TCM

O Globo
– Brasil e mais 15 países repudiam vitória de Maduro
– Governo tenta conter alta da gasolina
– Temer pressionado a desistir de eleição
– UFRJ negocia mais policiamento

Valor Econômico
– Governo enfrenta pressão contra alta dos combustíveis
– Delações da Lava-Jato têm omissões e contradições
– Ciro defende limite para pagar dívida
– Rússia reabrirá seu mercado às carnes do Brasil

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