Introdução: O ambiente para os ativos de risco não é dos mais favoráveis no exterior. Os emergentes, em especial, estão no centro das atenções, diante de um dólar que tem mostrado mais forças, e uma perspectiva (crescente) de que o Fed subirá juros nos próximos meses. Commodities operam em baixa hoje. O desemprego caiu para 3,9% nos EUA. No Brasil, é dia de agenda macro esvaziada. A 2ª Turma do STF começa a julgar o HC do ex-presidente Lula (decisão até dia 10 de maio). O dólar tende a seguir mais alto, e não vemos uma volta para R$3,20-3,30 no curto prazo – patamar que prevaleceu na maior parte do tempo, desde o final de 2016.

CENÁRIO EXTERNO: MERCADOS EMERGENTES SOB PRESSÃO.

O “básico” dos mercados… As bolsas da Europa operam em baixa, após sessão mais negativa na Ásia. Nos EUA, ontem foi dia de quedas para S&P 500 e Dow Jones. Hoje, o S&P futuro opera no vermelho, sinalizando sessão fraca por lá. O dólar se enfraquece, e tanto moedas de emergentes como do G-10 se valorizam. Os juros das Treasuries recuam (10 anos ~2,93%). As commodities apresentam viés mais positivo. O brent oscila ao redor de US$73/barril. O minério de ferro recuou 0,16% na China, cotado a US$66,87/tonelada.

Sobre os “trade talks”… Até aqui, não parece haver consenso entre EUA e China, no que diz respeito ao tema “comércio”. Os EUA desembarcaram na China, para os dois dias de reuniões, com uma longa lista de requerimentos. Entre estes, cortar o déficit comercial em US$200 bi até 2020. Num documento enviado pelos EUA ao governo de Beijing, estes afirmam que a relação entre os países é não é balanceada. Não houve acordo, e apenas a intenção de continuar com as conversas…

Emergentes pressionados… O momento para os mercados emergentes é menos favorável. Argentina e Turquia, por exemplo, são exemplos disto. Na Argentina, aliás, o BC precisou elevar a taxa de juros para expressivos 40%. De acordo com dados da EPFR Global, investidores retiraram quase US$1 bi de fundos de renda fixa de emergentes, considerando o período de uma semana, com término dia 2 de maio. Considerando as últimas 2 semanas, o fluxo destes fundos foi negativo – a 1ª vez que isto acontece desde 2016.

China: serviços aceleram… O índice PMI sobre o setor de serviços passou de 52,3 em março para 52,9 em abril. Ficou acima do esperado por alguns analistas. Assim, o PMI composto, que engloba os setores da indústria e de serviços, subiu de 51,8 em março para 52,3 em abril, também superando as expectativas de analistas, que esperavam queda para 50,5. Vale lembrar: acima de 50 pontos, o índice sinaliza “expansão” para os próximos meses.

Na agenda macro de hoje… Nos EUA, destaque para o Relatório de Empregos. Em abril, a taxa de desemprego passou de 4,1% para 3,9%, abaixo dos 4,0% esperados. Foram criados 164 mil empregos, após 135 mil no mês anterior. A média de salários-hora cresceu 2,6% a/a, a mesma taxa do mês anterior (que fora revisada para baixo, de 2,7%). Além disto, há 3 discursos do Fed: Dudley (13h), Quarles (18h30) e Kaplan (21h).

BRASIL: BC NÃO MUDA TENDÊNCIA DO CÂMBIO; STF JULGA RECURSO DE LULA.

Lula no STF… A 2ª Turma do STF começa hoje a julgar, em plenário virtual, o recurso do ex-presidente Lula, contra a sua prisão. O seu habeas corpus será analisado até dia 10 de maio. Hoje, a sessão terá início com o lançamento do voto do relator Edson Fachin. Vale lembrar: nesta 2ª, dia 7 de maio, Lula cumpre 30 dias na prisão.

BC, e suas atuações no câmbio… Para hoje, o BC mantém a oferta de um lote de 8.900 contratos (US$445 mi) de swap cambial (o mesmo ritmo de ontem). Mantido este ritmo até o final do mês (dia 29), o atual estoque de swap cambial de US$23,8 bi aumentará para US$ 28,6 bi. Ou seja: se houver demanda por parte do mercado, será a primeira oferta líquida de contratos do BC desde maio do ano passado, quando ocorreu o “choque-JBS”.

E daí? Está claro que o BC não conseguirá mudar a tendência da moeda, mas tenta, ao menos, diminuir a sua volatilidade. Este é o discurso do BC. Vale lembrar: o estoque de swaps já chegou à marca de US$115 bi. Ou seja: o BC tem ainda bastante espaço para aumentar as intervenções, caso considere necessário. No curto prazo, vemos o dólar oscilando próximo do patamar atual, sem voltar ao intervalo estreito entre R$3,20-3,30 que vinha operando, na maior parte do tempo, desde o final de 2016.

Agenda de hoje… No front macro, sai apenas o índice PMI sobre o setor de serviços (10h), referente a abril. Em março, o índice ficou em 50,4 pontos, pouco acima dos 50 pontos que separam a “contração” da “expansão” da atividade.

E os mercados hoje? Diante de uma agenda esvaziada, e um quadro externo menos favorável para economias emergentes, esperamos um dia mais negativo para os mercados locais, com viés de baixa em bolsa, e de alta em DIs e dólar.

Ignacio Crespo – Economista

Sobre o fechamento do último pregão:

Ibovespa: -1,49%, aos 83.288 pontos;
Real/Dólar: -0,69%, cotado a R$3,517;
Dólar Index: -0,11%, 92,414;
DI Jan/21: +04 pontos base, 8,040%;
S&P 500: -0,23% aos 2.630 pontos.

Fonte: Bloomberg. Obs.: a taxa de câmbio utilizada é a referência da Bloomberg

EMPRESAS:

Lojas Renner: Números do 1T18.
Impacto: Positivo.

Luis Gustavo Pereira – Estrategista

Jornais:

Folha de São Paulo
– STF restringe foro especial de deputados federais e senadores
– Ação mira doleiros e pode levar a novas Lava Jato
– Curto-circuito causou incêndio em prédio de SP
– Caso de Lula sobre sítio de Atibaia ficará com Moro

O Estado de São Paulo
– Polícia vai investigar ‘aluguel’ em invasões
– Estados em crise cobram R$ 14 bi de Refis da União
– STF restringe foro para políticos e Câmara reage
– ‘Doleiro dos doleiros’ é alvo de ação da PF

O Globo
– STF restringe foro a crimes cometidos no mandato
– BC entra em cena para conter alta
– Morte de PM desencadeia onda de violência
– Prisão de doleiros abre novos rumos para a Lava-Jato

Valor Econômico
– Risco cambial aflige a Argentina
– Justiça faz intervenção na gestão da Ducoco
– Maia apressa fim irrestrito para o foro privilegiado
– Jovens economistas brilham no exterior

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