Introdução: Investidores mostram maior cautela, à espera de decisão do Fed. Além disso, vale acompanhar as novas projeções do Fed, e a coletiva de imprensa de Jay Powell. Por enquanto, bolsas da Europa oscilam sem direção clara, e o dólar recua frente a seus principais pares. No Brasil, é dia de COPOM. A Selic deve cair para 6,50%, mas a dúvida recai sobre o comunicado do BC. No front político, STF segue pressionado. Carmén Lúcia, a presidente do Supremo, marcou sessão administrativa com demais ministros.

CENÁRIO EXTERNO: ATENÇÕES VOLTADAS AO FED.

O “básico” dos mercados… As bolsas da Europa operam sem direções claras, após quedas no Japão (Nikkei -0,47%) e na China (Xangai -0,29%). Nos EUA, S&P futuro tem ligeira queda. O dólar recua frente a seus principais pares. Os juros de 10 anos das Treasuries operam em 2,89%. Commodities com viés altista: o brent sobe mais de 1%, cotado em US$68,1/barril; e o minério de ferro subiu 0,46% na China, cotado em US$67,25/tonelada.

Fed, Fed, Fed… O grande destaque no exterior será a decisão do Fed (15h). Às 15h30, fique atento à coletiva de Jerome “Jay” Powell, o presidente da instituição. Será a 1ª reunião presidida por Powell. Os juros devem subir de 1,25-1,50% para 1,50-1,75% ao ano — a 6ª elevação de juros desde a saída da crise, e a 1ª deste ano.

Um pouco mais sobre o Fed… O mercado estará atento à atualização das projeções oficiais do Fed (para PIB, desemprego, inflação e juros) – divulgação que é feita de 3 em 3 meses, apenas. Uma pergunta relevante: o Fed passará a ver 4 elevações de juros em 2018, e não 3, como via até agora? Esperamos que Powell adote um tom “conservador”, embora tenhamos visto, em discursos recentes, um viés ligeiramente mais “duro” (pró-normalização da política monetária) do atual presidente.

Resposta chinesa… Após os EUA decidirem impor tarifas de importação sobre o aço e o alumínio, a China prepara medidas de retaliação, apontou o The Wall Street Journal. De qualquer forma, o presidente Xi Jinping parece tentar evitar um aumento das tensões entre ambos os países, e também prepara concessões.

Face-problema… O Facebook ainda enfrenta uma situação delicada. Após ter vindo à tona que forneceu de forma ilegal informações de 50 milhões de usuários, a empresa já perdeu US$60 bi em valor de mercado. Se ficar comprovado que violou regras estabelecidas em 2011 por órgãos americanos, pode ser obrigada a pagar até US$40 mil por usuário afetado.

Na agenda de hoje… Nos EUA, além da decisão do Fed, saem as venda de moradias usadas (11h), e os estoques de petróleo bruto (11h30).

BRASIL: DIA DE COPOM; STF SEGUE PRESSIONADO.

Corrida eleitoral… O presidente Temer declarou ontem que “não é improvável” que seja candidato à reeleição em outubro, “mas ainda não decidi”, confessou. Isto mantém Meirelles em certo stand-by. Mais: segundo O Globo, o ex-presidente do STF, Joaquim Barbosa, deu um passo importante para se lançar candidato pelo PSB, após encontro com a cúpula do partido no RJ.

Batata-quente: prisão em 2ª instância… O STF segue sob pressão. A presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, presidirá hoje a sessão plenária do tribunal (14h). Na sequência, participa de sessão administrativa com os outros ministros, convocada por ela. O assunto? Muito provavelmente, a possibilidade de rediscutir a autorização de prisão de réus condenados em 2ª Instância. A maioria dos ministros, segundo O Globo, estaria disposta a rediscutir o assunto.

Um pouco mais sobre o tema… Nas últimas horas, vinha crescendo a expectativa de que o ministro Marco Aurélio Mello apresentaria (hoje) uma questão de ordem, tentando forçar a entrada em pauta da ação declaratória de constitucionalidade que questiona se condenados em 2ª Instância devem começar a cumprir a pena. Caso o entendimento atual seja mantido, a princípio, Lula poderá ser preso após o julgamento de seu último recurso no TRF-4.

Especulações em torno da data… Neste contexto, tem crescido a expectativa sobre o julgamento dos embargos de declaração da defesa do ex-presidente Lula no TRF-4, contra a condenação de 12 anos e 1 mês. Existe a possibilidade – ventilada desde ontem na mídia – de que seja julgado dia 26, próxima 2ª feira. Mas há quem acredite ser mais prudente deixar o julgamento pós-Páscoa. Neste caso, ficaria para o dia 4 de abril.

Reunião do Copom: 2º dia… Termina hoje a reunião do BC. O anúncio – sobre o futuro da Selic – será feito após o mercado (a partir das 18h). A Selic deve passar de 6,75% para 6,50%, não há dúvidas. A incerteza fica por conta do comunicado oficial. Em nossa opinião, o BC ainda manterá a possibilidade de novo corte a partir de maio, embora acreditemos que a Selic deva permanecer em 6,50% por algum tempo.

Na agenda de hoje… No front macro, além do Copom, teremos o fluxo cambial semanal (12h30). Mais cedo, saiu a confiança da indústria, segundo a FGV: o índice subiu de 100,4 em fevereiro para 102,1 em março (série com ajuste sazonal). A utilização da capacidade instalada passou de 75,6% para 76,1%. No front micro, saíram os números da Movida. Pós-mercado, seem os balanços de Anima e Cesp.

E os mercados hoje? Esperamos oscilações mais contidas, e mercado sem direções muito claras, à espera de decisões de Fed e BC. Deve ser um dia de maior volatilidade, diga-se de passagem. O viés para a bolsa é negativo, e de alta sobre dólar e juros, diante desta maior cautela dos investidores. O CDS de 5 anos do Brasil operava estável pela manhã, ao redor de 161 pontos base.

Ignacio Crespo – Economista

Sobre o fechamento do último pregão:

Ibovespa: +0,30%, aos 84.164 pontos;
Real/Dólar: +0,75%, cotado a R$3,312;
Dólar Index: +0,68%, 90,371;
DI Jan/21: +07 pontos base, 8,300%;
S&P 500: +0,15% aos 2.717 pontos.

Fonte: Bloomberg. Obs.: a taxa de câmbio utilizada é a referência da Bloomberg

EMPRESAS:

Petrobras: Números de produção de fevereiro
Impacto: Marginalmente Positivo.

Luis Gustavo Pereira – Estrategista

Jornais:

Folha de São Paulo
– EUA e Europa investigam uso de dados do Facebook
– Cresce pressão sobre Cármen acerca de prisão na 2ª instância
– Temer aciona AGU para crédito da Caixa aos Estados
– Ministro afirma que vetará ensino médio a distância

O Estado de São Paulo
– Impasse sobre 2ª instância agrava crise no Supremo
– BC quer ter poder de veto a dirigentes de bancos federais
– Em Roraima, brasileiros expulsam venezuelanos
– Facebook vira alvo de investigação e perde US$ 49 bi

O Globo
– Investigado nos EUA, Facebook perde US$ 50 bi
– Polícia busca imagens na Câmara municipal
– Maioria no STF quer que Cármen rediscuta segunda instância
– O som que vem da Maré

Valor Econômico
– Prisão de Lula provoca desavenças no Supremo
– Boeing finaliza proposta para ter a Embraer
– Por que bancos nunca perdem, nem na crise
– Coca e Nestlé desafiadas por “fake news”

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