Introdução: O início deste trimestre é marcado por alguns feriados em praças importantes. Investidores adotam uma postura um pouco mais “defensiva”. Nos EUA, saem dados sobre a indústria. No Brasil, o mercado voltou a revisar a inflação de 2018 e 2019 para baixo. A semana tem mudanças ministeriais, e julgamento de HC de Lula pelo Supremo.

CENÁRIO EXTERNO: VOLATILIDADE DEVE PERSISTIR.

O “básico” dos mercados… Na Europa, a maioria dos mercados ficará fechada por conta do feriado prolongado da Páscoa. Enquanto isso, nos EUA, S&P futuro opera em ligeira baixa, após sessão mista na Ásia. O dólar também perde forças frente a seus principais pares. É, neste contexto, que as commodities operam com viés positivo. Petróleo (brent) segue na casa dos US$70/barril.

O início do trimestre… Investidores, em sua maioria, parecem começar o 2T18 na “defensiva”. Alguns motivos: maior volatilidade, realização no setor tech, e receios quanto à política comercial de Trump. Vale destacar: no 1T18, as bolsas globais recuaram 1,4% (considerando o MSCI All Country World Index) – o primeiro recuo trimestral desde o início de 2016. Hoje, vale notar: praças importantes na Europa, além de Reino Unido, Canadá e Austrália estarão fechadas, por conta de feriado.

Palavras de Mohamed… Segundo o economista Mohamed El-Erian, em artigo do Financial Times, os próximos trimestres devem ser de volatilidade nos mercados (semelhante ao 1T18, deixando de vez a calmaria de 2017). Mais: considera, com 65% de probabilidade, que os mercados internacionais voltarão a mostrar força, dando continuidade a um movimento saudável e positivo de médio prazo. Com menor probabilidade (35%), a possibilidade de estarmos entrando num momento de maior instabilidade.

EUA: dança das cadeiras… Deixaram o governo Trump, nos últimos dias, Hope Hicks e David Shulkin. A troca de lideranças em Washington tem chamado a atenção. Em meio a este contexto, alguns de seus conselheiros têm demandado uma postura mais dura contra a Rússia, por exemplo – algo que Trump resiste em fazer.

EUA: inflação “ok”… Na última 5ª feira (29), destaque para os números de inflação sobre fevereiro (índice PCE, na sigla em inglês) dos EUA. O resultado veio em linha com o esperado em fevereiro: 0,2% m/m. Em 12 meses, passou de 1,7% para 1,8%. Em suma: dados “confortáveis” para o Fed, que não alteram os próximos passos do BC americano. A perspectiva para a economia do país segue ainda muito positiva, em nossa opinião.

China: indústria e serviços mais fortes… Saíram os índices PMI sobre a indústria e o setor de serviços, mostrando um desempenho acima do esperado em março. O PMI industrial passou de 50,3 pontos em fevereiro para 51,5, acima dos 50,7 projetados pelo mercado. O PMI de serviços passou de 54,4 para 54,6, acima dos 54,1 esperados. Lembramos: acima de 50 pontos, sinalizam “expansão” da atividade à frente.

Na agenda internacional… Hoje, destaque aos índices sobre a indústria dos EUA (índices ISM e PMI). O destaque da semana? O Relatório de Empregos de março, que deve mostrar um mercado de trabalho aquecido nos EUA, e um desemprego possivelmente abaixo de 4,1%, após 5 meses seguidos neste patamar.

BRASIL: MUDANÇAS MINISTERIAIS, EM MEIO À OPERAÇÃO SKALA.

Dança das cadeiras… Ao menos 11 ministros devem ser substituídos até o final desta semana. Afinal, no próximo sábado (dia 7), termina o prazo para a “descompatibilização”, de olho nas eleições de outubro. O governo tenta tirar os holofotes da Operação Skala (que pode culminar numa nova denúncia contra Temer), e antecipa algumas oficializações…

Movimentos de hoje… Neste contexto, Temer dá posse hoje (10h30) aos novos ministros da Saúde, Gilberto Occhi, e dos Transportes, Valter Casimiro Silveira. Também toma posse o novo presidente da Caixa, Nelson Antonio de Souza. Registre-se: no final de semana, foi confirmado que Dyogo Oliveira assumirá o BNDES.

Segue em aberto… Vale dar especial atenção à substituição da pasta de Minas e Energia que, apos saída de Fernando Bezerra Coelho Filho (que busca ser deputado federal, provavelmente pelo MDB), está à espera de um novo comandante. Importante: quem assumir, terá pela frente a agenda de privatização da Eletrobras.

Operação Skala… Com certo alívio, o Planalto recebeu a notícia de que os presos desta Operação da PF foram soltos, por determinação do ministro do STF Luis Roberto Barroso. Registre-se: nesta 3a (dia 3), Temer estuda fazer alguma declaração sobre o assunto, durante festa de filiação de Meirelles ao MDB. O governo tenta se proteger, e dá a sua versão pouco convincente dos fatos. Uma coisa é certa: a possibilidade de Temer concorrer ao Planalto se fragiliza.

“Bastou a simples menção à possível candidatura para que forças obscuras surgissem para tecer novas tramas sobre velhos enredos maldicentes. No Brasil do século XXI, alguns querem impedir candidatura”, nota oficial do Planalto sobre a Operacao Skala, da PF.

Boletim Focus… O mercado voltou a reduzir as projeções de IPCA. Para 2018, agora espera 3,54%. Para 2019, 4,08%. Espera uma Selic de 6,25% no final deste ano, e os mesmos 8,00% no final de 2019. O PIB deste ano também foi revisado para baixo: de 2,89% para 2,84%. O crescimento esperado para 2019 segue em 3,00%.

Na agenda de hoje… No front macro, além do Boletim Focus, as atenções se voltam para os dados de produção industrial (nesta 3ª, dia 03) e os dados da indústria automobilística (nesta 5ª, dia 05). A expectativa segue positiva para ambos os resultados. Na quarta, o julgamento do HC de Lula.

E os mercados hoje? Em meio a um exterior sem muita direção, e da menor liquidez esperada (por conta do feriado europeu), temos um viés neutro para os mercados locais. Ao menos no início do trimestre, com bolsa e dólar operando “de lado”. A percepção de risco país, medida pelo CDS de 5 anos, opera relativamente estável nesta manhã, por volta dos 169-170 pontos base.

Ignacio Crespo – Economista

Sobre o fechamento do último pregão:

Ibovespa: +1,78%, aos 85.365 pontos;
Real/Dólar: -0,46%, cotado a R$3,306;
Dólar Index: +0,10%, 90,151;
DI Jan/21: -04 pontos base, 7,960%;
S&P 500: +1,38% aos 2.640 pontos.

Fonte: Bloomberg. Obs.: a taxa de câmbio utilizada é a referência da Bloomberg

EMPRESAS:

Guararapes: Cia elegeu Oswaldo Aparecido Nunes como o novo Diretor Presidente.
Impacto: Neutro.

Vale: Cia atrela dividendo a Ebitda e capex em nova política.
Impacto: Marginalmente Positivo.

Luis Gustavo Pereira – Estrategista

Jornais:

Folha de São Paulo
– Um entre três cariocas diz ter ficado no meio de tiroteio
– Birgit Sippel: Privacidade digital é base para democracia
– Sob Doria, aplicação de inseticida contra Aedes aegypti sofre queda em SP
– Rosa Weber nega habeas corpus na maioria das vezes

O Estado de São Paulo
– Centrão ganha força no balcão de negócios da Câmara
– Febre amarela: sobrevida após transplante é de 43%
– Secretário assume Planejamento
– Dois em cada 3 brasileiros querem intervenção

O Globo
– PMDB, TP e PSDB são os que mais perdem deputados
– Vácuo legal permite venda de dados de eleitores
– Supermercados e indústria se unem contra crise
– CPI dos Ônibus termina sem resultados

Valor Econômico
– Aumenta o peso do spread bancário na taxa de juro
– Denúncia não demove Temer de ter candidato
– Mesquita vê fatores a favor da retomada
– Fretes sobem até 40% na safra

Contatos

Renda Variável*

Luis Gustavo Pereira – CNPI
[email protected]

Equipe Econômica

Ignácio Crespo Rey
[email protected]

Lucas Stefanini
[email protected]

Rafael Gad
[email protected]

*A área de Renda Variável é a responsável por todas as recomendações de valores mobiliários contidas neste relatório.

“Este relatório foi elaborado pela Guide Investimentos S.A. Corretora de Valores, para uso exclusivo e intransferível de seu destinatário. Este relatório não pode ser reproduzido ou distribuído a qualquer pessoa sem a expressa autorização da Guide Investimentos S.A. Corretora de Valores. Este relatório é baseado em informações disponíveis ao público. As informações aqui contidas não representam garantia de veracidade das informações prestadas ou julgamento sobre a qualidade das mesmas e não devem ser consideradas como tal. Este relatório não representa uma oferta de compra ou venda ou solicitação de compra ou venda de qualquer ativo. Investir em ações envolve riscos. Este relatório não contêm todas as informações relevantes sobre a Companhias citadas. Sendo assim, o relatório não consiste e não deve ser visto como, uma representação ou garantia quanto à integridade, precisão e credibilidade da informação nele contida. Os destinatários devem, portanto, desenvolver suas próprias análises e estratégias de investimentos. Os investimentos em ações ou em estratégias de derivativos de ações guardam volatilidade intrinsecamente alta, podendo acarretar fortes prejuízos e devem ser utilizados apenas por investidores experientes e cientes de seus riscos. Os ativos e instrumentos financeiros referidos neste relatório podem não ser adequados a todos os investidores. Este relatório não leva em consideração os objetivos de investimento, a situação financeira ou as necessidades específicas de cada investidor. Investimentos em ações representam riscos elevados e sua rentabilidade passada não assegura rentabilidade futura. Informações sobre quaisquer sociedades, valores mobiliários ou outros instrumentos financeiros objeto desta análise podem ser obtidas mediante solicitações. A informação contida neste documento está sujeita a alterações sem aviso prévio, não havendo nenhuma garantia quanto à exatidão de tal informação. A Guide Investimentos S.A. Corretora de Valores ou seus analistas não aceitam qualquer responsabilidade por qualquer perda decorrente do uso deste documento ou de seu conteúdo. Ao aceitar este documento, concorda-se com as presentes limitações.Os analistas responsáveis pela elaboração deste relatório declaram, nos termos do artigo 17 da Instrução CVM nº. 483/10, que: (I) Quaisquer recomendações contidas neste relatório refletem única e exclusivamente as suas opiniões pessoais e foram elaboradas de forma independente, inclusive em relação à Guide Investimentos S.A. Corretora de Valores.“