Introdução: Os dados da indústria chinesa, acima do esperado, diminuem a preocupação – crescente – com relação ao governo americano. Afinal, o governo de Trump é, cada vez mais, um governo de um Homem só. No Brasil, é dia de agenda fraca do lado macro. A Aneel reajusta a energia elétrica; e Planalto se mantém acuado. Mercados locais devem seguir o exterior, que se mostra mais positivo neste momento.

CENÁRIO EXTERNO: REXIT E INDÚSTRIA CHINESA NO RADAR.

O “básico” dos mercados… É bom momento para ativos de risco. As bolsas sobem na Europa, e S&P futuro, nos EUA, opera em alta. O dólar opera estável frente a seus principais pares, e os juros das Treasuries de 10 anos recuam (ao redor de 2,84%). As commodities apresentam um viés altista. O barril do brent sobe, e é cotado na casa de US$65. Na China, o minério de ferro subiu 2,67%, cotado a US$71,64/tonelada.

CHINA: indústria forte… No 1º bimestre do ano (frente ao mesmo período de 2017), a produção industrial avançou forte: +7,2%, contra os 6,2% esperados. Este avanço foi puxado, especialmente, por empresas estatais. Os investimentos em ativos fixos subiram 7,9%, contra 7,0% esperados. Por fim, as vendas no varejo vieram em linha com as projeções, tendo crescido 9,7%. Vale notar: a China tem se beneficiado de uma demanda externa mais forte.

EUA: inflação? A inflação ao consumidor veio em linha com o esperado pelo mercado em fevereiro, e não vimos surpresas significativas nos dados divulgados ontem. Em 12 meses, passou de 2,1% para 2,2%. Mas o chamado “núcleo” – medida mais importante, por ser menos volátil, e que desconsidera preços de alimentos e energia – permaneceu estável, em 1,8%. Neste contexto, o dólar perdeu forças, e os juros das Treasuries recuaram. Os juros de 10 anos, por exemplo, oscilam ao redor de 2,84%.

EUA: empresários otimistas… O índice NFIB, que mede a confiança dos pequenos empresários, passou de 106,9 pontos em janeiro para 107,6 em fevereiro. Assim como outros índices de atividade – como os PMIs, por exemplo – temos que a confiança do empresário ganhou tração a partir de meados de 2016. Em março daquele ano, o índice era 92,6.

EUA: REXIT… Trump demitiu o secretário de Estado Rex Tillerson (“REXIT = Rex + exit”, em inglês), e anunciou que o atual diretor da CIA, Mike Pompeo, ocupará o cargo. No lugar de Pompeo, ficará a vice-diretora da CIA Gina Haspel. Fica clara a postura do presidente: vozes dissidentes são eliminadas. A saída de Tillerson aumenta o receio de “guerras comerciais”, e de “embate” mais forte com a Coreia do Norte. Neste ambiente, vale lembrar de uma frase de Trump, referindo-se ao problemas do país: “Eu sozinho posso repará-los”.

Na agenda de hoje… Nos EUA, destaque para as vendas no varejo de fevereiro (9h30). Após janeiro mais fraco, espera-se uma recuperação. Além disso, sairá o índice de preços ao produtor (9h30); estoques empresariais (11h) e estoques de petróleo bruto (11h30). Em Frankfurt, na Alemanha, um evento contará com diversos discursos do BC europeu.

BRASIL: PLANALTO SE MANTÉM ACUADO..

Estou pronto… Em entrevista ao livro “A verdade vencerá: o povo sabe por que me condenam”, Lula diz estar “pronto para ser preso”. “Eu não vou sair do Brasil, eu não vou me esconder em embaixada, eu não vou fugir. A palavra ‘fugir’ não existe no meu dicionário” , afirmou. Hoje, o ex-senador Delcídio do Amaral e o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró prestam depoimento ao juiz Sérgio Moro, como testemunhas de acusação do ex-presidente Lula.

Governo acuado… Em meio às dificuldades de Temer (pode ser alvo de denúncia), surge outro empecilho para o atual governo: o líder no Senado e presidente do MDB Romero Jucá tornou-se réu na Lava Jato, acusado de receber propina da Odebrecht. A 1ª Turma do STF aceitou denúncia da PGR, por unanimidade.

Dificuldades à frente… Neste contexto, principais articuladores do Planalto no Congresso avisaram a Temer que será “inviável” votar as “15 medidas” da área econômica para este ano – medidas (várias “requentadas”) que foram ventiladas recentemente, após a reforma da Previdência ser postergada. Aliás, hoje, o governo também teria no Congresso 21 medidas provisórias pendentes de análise. Vale notar: o calendário da Copa do Mundo – começa dia 14 de junho e termina 15 de julho – é dificuldade adicional no calendário do Planalto.

Eletrobrás: recentes desdobramentos… Apesar das manobras da oposição, o deputado Hugo Motta (PMDB-PB) foi eleito ontem o presidente da comissão especial que vai analisar o PL 9463/18 que trata da privatização da Eletrobrás. A comissão terá 34 integrantes; e se reunirá na próxima 3ª (dia 20), às 14h30. O relator na comissão, o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) já anunciou 2 mudanças no texto: a destinação de parte dos recursos para a recuperação do rio São Francisco e a manutenção do Centro de Pesquisas em Energia Elétrica (Cepel), que desenvolve pesquisas tecnológicas no setor. Registre-se: Aleluia mantém a previsão de votar o projeto no começo de abril.

Energia elétrica mais cara… A diretoria da Aneel aprovou reajuste de 9,35% para a tarifa de energia elétrica dos consumidores residenciais da Light e alta de 21,51% para os clientes da Enel, como resultado do processo da 4ª revisão tarifária. Ambos os reajustes entrarão em vigor amanhã (dia 15). No IPCA isto terá impacto total de 0,06 ponto percentual, a ser distribuído nos resultados de março e abril. Já estava na conta.

Na agenda de hoje… É dia de vencimento de opções sobre Ibovespa na B3. No front macro, o BC divulga o fluxo cambial semanal (12h30). No front micro, Randon divulga números pré-mercado; BR Malls e Natura, após o fechamento.

E os mercados hoje? Sem grandes novidades no front doméstico, e em dia de agenda fraca, ativos locais seguirão o exterior, que se mostra mais favorável hoje. Os dados da China se sobrepõe aos temores vindos de Washington. Assim, o viés em bolsa é altista, e nos mercados de câmbio e juros vemos possíveis quedas.

Ignacio Crespo – Economista

Sobre o fechamento do último pregão:

Ibovespa: -0,59%, aos 86.384 pontos;
Real/Dólar: -0,01%, cotado a R$3,261;
Dólar Index: -0,26%, 89.664;
DI Jan/21: -04 pontos base, 8,190%;
S&P 500: -0,64% aos 2.765 pontos.

Fonte: Bloomberg. Obs.: a taxa de câmbio utilizada é a referência da Bloomberg

EMPRESAS:

Petrobras Distribuidora: Números do 4T17 surpreendem
Impacto: Positivo.

Luis Gustavo Pereira – Estrategista

Jornais:

Folha de São Paulo
– Jucá é o primeiro réu no Supremo alvo da Odebrecht
– Trump demite o secretário de Estado e nomeia diretor da CIA
– Brasil estuda regras para ser poupado de taxa do aço nos EUA
– Klaus Schwab: China se prepara para assumir liderança global

O Estado de São Paulo
– Governo muda foco e medidas econômicas ficam emperradas
– Lula admite em livro estar pronto para ser preso
– Bolsonaro quer criar campo de refugiados
– Smartphone auxilia cirurgia cerebral no HC

O Globo
– Violência pesa na conta de luz no Rio
– Lava-Jato prende sexto secretário de Cabral
– Jucá vira réu no STF por corrupção
– Folha de inativos da PM é a que mais onera o Estado

Valor Econômico
– Modernização industrial terá créditos de R$ 8,6 bi
– Preço mínimo da Norte-Sul fica 32% menor
– Uma aposta no Brasil que “ainda não deu certo”
– Acionistas negociam a Eletropaulo

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