Introdução: Investidores estão à espera da inflação dos EUA de abril, que deve acelerar. Sairá às 9h30. Por enquanto, o dólar e os juros das Treasuries têm viés de baixa nesta manhã, algo que dá algum alívio às bolsas internacionais. Na Europa, as direções são mistas. No Brasil, destaque também para a inflação. Em abril, o IPCA veio ligeiramente abaixo do esperado (em 12 meses, passou de 2,68% para 2,76%). O BC caminha para novo corte de juros na próxima semana, em nossa opinião. Na política, Jucá (MDB) já indica que o partido não terá candidato próprio ao Planalto. Fala que nem Temer nem Meirelles são “empecilhos”. Jornais ventilam opções de vice para Ciro (PDT). Na Câmara, agenda da Fazenda/BC avança, com Cadastro Positivo.

CENÁRIO EXTERNO: ATENÇÃO À INFLAÇÃO AMERICANA DE ABRIL (QUE DEVE ACELERAR).

O “básico” dos mercados… Os juros das Treasuries tem sessão de recuo, ao menos até aqui. Os juros dos papéis de 10 anos oscilam pouco abaixo de 3%. O dólar também passa por “pausa”, e moedas de emergentes se fortalecem. As bolsas na Europa operam sem direções muito claras, após sessão de ganhos na Ásia. As commodities têm viés mais positivo. O petróleo (brent) oscila pouco acima de US$77/barril, ainda pressionado para cima. Na China, o minério de ferro subiu 0,56%, cotado a US$66,83/tonelada. O ambiente é um pouco mais favorável para ativos de risco.

Sobre a inflação americana… Sairá hoje a inflação ao consumidor de abril (9h30). É o grande destaque da agenda de hoje. A expectativa é de aceleração, de 2,4% a/a para 2,5%. Esta aceleração, no entanto, pode surpreender para cima, por conta da recente elevação dos preços do petróleo. O “núcleo” também deve acelerar, de 2,1% para 2,2%. Esta medida, que desconsidera preços de energia e alimentos, pode mexer mais com os mercados. Afinal, o Fed está mais atento ao “núcleo”.

Sobre a inflação chinesa… A inflação ao consumidor veio abaixo do esperado: +1,8% a/a, contra 1,9% projetados pelo mercado, e 2,1% do mês anterior. Portanto, segue abaixo da meta do BC, de 3%. Os preços ao produtor, por outro lado, aceleraram, de 3,1% a/a para 3,4%, em linha com o esperado, segundo pesquisa Bloomberg.

Na agenda macro de hoje… Nos EUA, além da inflação, temos pedidos de auxílio desemprego (9h30), resultado fiscal mensal (15h) e relatório de demanda e oferta agrícola mundial, da USDA.

BRASIL: IPCA DE ABRIL FICA ABAIXO DO ESPERADO, E AINDA É BASTANTE BENIGNA.

Jucá, e os “empecilhos” do MDB… Em entrevista ao Estadão/Broadcast, o presidente do MDB, Romero Jucá (RR), indicou que o presidente Temer não será candidato à reeleição. Aliás, deixou claro que nem Temer nem Meirelles serão “empecilhos” a um entendimento. O objetivo do MDB nestas eleições? Eleger a maior bancada da Câmara e do Senado. Portanto, deixa claro: “O MDB não ter candidato em prol de uma convergência está na mesa”. Nada mais claro. Concordamos. Até meados de julho (a Copa termina dia 15!), a fragmentação, embora alta, tende a diminuir um pouco.

Steinbruch é PP… O empresário Benjamin Steinbruch, da CSN, se filiou ao PP, no último dia 4 de abril. Segundo o Estadão, fez parte de uma estratégia para compor possivelmente uma chapa com Ciro Gomes (PDT). Outro nome para vice que tem sido cogitado é do empresário mineiro Josué Gomes da Silva, da Coteminas. Neste momento, é normal termos várias opções sendo ventiladas. Vale monitorar, apenas.

Sobre o dólar, BC e Copom… Diante da elevação recente (+10% no ano, e quase 15% desde a mínima recente, dia 24 de janeiro), muito tem se falado sobre a taxa de câmbio. Assim como falamos ontem, ainda vemos uma moeda pressionada no curto prazo, e sem gatilhos para que possa voltar a oscilar em patamares mais baixos. Aliás, ontem, fez preço a entrevista que Ilan Goldfajn concedeu à GloboNews na noite anterior. Sem adotar uma postura mais contundente, diminuiu a relevância deste movimento do câmbio, e tudo indica, como escrevemos, que o BC migra para mais um corte de Selic no Copom da semana que vem.

Lula lá aonde está… Os ministros da 2ª Turma do Supremo decidem sobre um recurso que poderia conceder liberdade ao ex-presidente Lula. Registram até a meia noite de hoje, no plenário virtual, os seus votos. Mas vale notar: a maioria já decidiu. Dos 5 ministros, 4 já se posicionaram contra o pedido de Lula: Edson Fachin, Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski. Resta o voto do decano Celso de Mello.

Cadastro Positivo: um passo importante… O texto-base do PLP 441/17 foi aprovado com o voto favorável de 273 deputados e 150 contrários. Houve uma abstenção. Na próxima semana, serão votados 10 destaques à proposta mas, votados os destaques e emendas, o projeto de lei complementar retorna ao Senado. Foi dado, portanto, um passo importante. Aliás, uma vitória para a Fazenda e o BC, que procuram formas de reduzir o custo do crédito, ainda alto.

Agenda de hoje… No front macro, destaque para o IPCA de abril: +0,22% m/m, contra 0,28% esperados e após 0,09%. Em 12 meses, passou de 2,68% para 2,76%. O mercado esperava que fosse para 2,82%. Vale notar: o BC, segundo o seu último Relatório Trimestral de Inflação, esperava 0,33% para abril. A inflação ainda benigna dá espaço, em nossa visão, para que o BC corte a Selic de 6,50% para 6,25% (como dissemos acima).

E os balanços das empresas? Segundo a Bloomberg, 13 empresas do Ibovespa divulgam hoje. Números de Azul vieram positivos, e Banco do Brasil mais em linha com as expectativas. Veja mais no Guide Empresas. Pós-mercado, empresas como BRF, Qualicorp e Lojas Renner divulgam. É, portanto, dia cheio no front micro.

E os mercados hoje? O quadro é ligeiramente mais positivo no exterior (ao menos até aqui). Portanto, temos um viés mais positivo neste início de sessão por aqui. Um viés de alta em bolsa, e de baixa em DIs e dólar. A percepção de risco país, medida pelo CDS de 5 anos, recua nesta manhã (mais de 3,5%, ao redor de 188 pontos base, às 9h15). Mas vale notar: a inflação dos EUA tende a trazer mais volatilidade, e pode mudar os rumos dos mercados internacionais.

Ignacio Crespo – Economista

Sobre o fechamento do último pregão:

Ibovespa: +1,58%, aos 84.265 pontos;
Real/Dólar: +0,83%, cotado a R$3,592;
Dólar Index: -0,09%, 93,040;
DI Jan/21: +15 pontos base, 8,440%;
S&P 500: +0,97% aos 2.698 pontos.

Fonte: Bloomberg. Obs.: a taxa de câmbio utilizada é a referência da Bloomberg

EMPRESAS:

Azul: Bons números no 1T18.
Impacto: Marginalmente Positivo.

Banco do Brasil: Números do 1T18.
Impacto: Neutro.

Luis Gustavo Pereira – Estrategista

Jornais:

Folha de São Paulo
– Toffoli, do STF, quer foro restrito para todas as autoridades
– Projeto que cria o cadastro positivo avança no Congresso
– Caixa fará festa para funcionários no Mané Garrincha
– PF faz ação contra desvios na merenda em São Paulo

O Estado de São Paulo
– Gastos dos Estados com Previdência de servidor sobem 111%
– Maio de 1968: 50 anos da noite que mudou quase tudo
– Lewandowski nega recurso do “Estado” no caso da censura
– Steinbruch se filia ao PP e é cotado para vice de Ciro

O Globo
– STF discute ampliação de nova regra do foro
– Argentinos teme nova “crise de 2001”
– PM estava no carro de assassinos de Marielle
– Temer desiste e atua por Meirelles

Valor Econômico
– Alta do barril valoriza as petroleiras, mas preocupa
– Governo envia projeto sobre Lei de Falências
– Receita quer cortar metade das renúncias
– Empresas apelam à CVM para disputar a Eletropaulo

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Ignácio Crespo Rey
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Rafael Gad
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