Introdução: Nas últimas horas, vimos alguma melhora no ambiente externo. É dia de agenda fraca nos EUA. A produção industrial da zona do euro desacelerou em fevereiro. No Brasil, partidos políticos procuram alianças. PSDB estaria próximo de PSD, e isto pode abrir espaço para novas alianças com o “centro”. O PSB pede “mais” de Barbosa. Dilma pode voltar à política. Vendas no varejo vieram abaixo do esperado. Ilan, em entrevista, fala que o BC está preparado para agir, caso seja necessário.

CENÁRIO EXTERNO: MERCADOS MISTOS.

O “básico” dos mercados… Bolsas da Europa operam sem direções muito claras, após sessão mais negativa na Ásia. Nos EUA, S&P futuro opera em alta. Diante de uma valorização do dólar no exterior, frente a seus principais pares, commodities registram quedas, em sua maioria. O petróleo (brent) segue na cada dos US$71/barril. O índice VIX, de volatilidade, opera em queda nesta manhã.

Inflação americana… Em linha com o esperado, a inflação ao consumidor passou de 2,2% para 2,4% em março. O “núcleo”, que desconsidera itens muito voláteis, passou de 1,8% para 2,1%. Ou seja: a inflação acelerou, num contexto de economia mais aquecida.

Atenção aos detalhes… Por conta de preços especialmente baixos de telefonia celular, em março de 2017, é verdade que a inflação de março deste ano acabou sendo favorecida (subiu). Ou seja, desconsiderados estes efeitos específicos, a inflação teria ficado mais estável em março.

Ata do Fed… O documento, referente à última reunião do Fed – na qual os juros subiram, de 1,25-1,50% para 1,50-1,75% ao ano -, reforçou a expectativa de mais altas de juros à frente. O cenário-base é de 3 elevações (ou seja, a que passou e mais 2). Mas não se pode descartar mais 3, totalizando 4, em nossa opinião. Importante: isto ainda não está precificado pelo mercado.

Atividade europeia desacelera… De forma inesperada, a produção industrial da zona do euro recuou em fevereiro: -0,8% frente a janeiro, contra expectativa de crescimento de 0,1%. Ainda assim, a produção está 2,9% acima frente a fevereiro de 2017. Neste 1T18, a indústria acabará tirando um pouco do fôlego que vínhamos observando.

Na agenda de hoje… Nos EUA, é dia de agenda relativamente frca: (i) pedidos de auxílio desemprego (9h30); e (ii) discurso de N. Kashkari, do Fed de Minneapolis (18h).

BRASIL: PARTIDOS POLÍTICOS BUSCAM ALIANÇAS.

PSDB e suas alianças… Segundo o Valor, avançaram as chances de o PSDB fechar alianças nacionais com o PSD e o PSC. Neste caso, os tucanos acreditam que, após o acordo com o PSD, outros partidos de centro seguirão este caminho.

PSB pede mais de Barbosa… Após filiação, seus líderes estariam pressionando o ex-ministro para que mostre maior “entrosamento” com integrantes do partido, de modo a viabilizar a sua candidatura ao Planalto. Recebeu convite do governador de Pernambuco, Paulo Câmara, para ir até Recife. O PSB, aliás, já recomendou o marqueteiro argentino Diego Brady, por exemplo…

Dilma, o retorno… A ex-presidente transferiu o domicílio eleitoral para MG, e quer concorrer ao Senado, pelo PT. Desta forma, pode atrapalhar os planos de reeleição do atual governador Fernando Pimentel (PT), que tem uma aliança local com o MDB. Os emedebistas não cederão fácil a candidatura ao Senado pelo Estado.

“Se a Dilma concorrer para deputada dará mais votos ao PT. E não desarruma a aliança conosco. Tomara que ela aceite para não termos problemas”, Fábio Ramalho (MDB).

Sobre as pesquisas eleitorais… Pesquisa Vox Populi, encomendada pelo PT, foi registrada no TSE. Será realizada com 2 mil pessoas, entre os dias 13 e 15. A divulgação prevista é dia 17 (próxima 3ª). A pesquisa terá várias perguntas referentes ao ex-presidente Lula. Lembramos: também está no radar a pesquisa Datafolha, com entrevistas entre os dias 11 e 13, e divulgação prevista para o dia 15 (domingo).

Propostas para 2018… O recém-nomeado ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, enumerou alguns pontos que seriam prioridade de aprovação neste ano. Embora seja baixa a probabilidade de aprovação, as citamos aqui: (1) privatização da Eletrobrás; (2) simplificação do PIS/Cofins; (3) simplificação do ICMS; (4) autonomia no BC; e (5) nova lei das finanças públicas.

Meta de inflação mais baixa? Segundo O Globo, o Conselho Monetário Nacional (CMN) deve fixar a meta da inflação para 2021 em 3,75%. A decisão será anunciada em junho. Lembramos: há pouco, o CMN decidiu reduzir as metas de 2019 e 2020, para 4,25% e 4,00%, respectivamente. A banda de tolerância segue sendo de 1,5 p.p., para mais ou para menos. Caso isto saia do papel, a curva de juros pode ser pressionada para baixo.

Um dólar que não preocupa… O recado do BC tem sido claro: se precisar, irá agir no mercado, visando diminuir a volatilidade do câmbio. Após fechar em R$3,42 na 2ª, fechou ontem em R$3,37. “Temos um volume de reservas suficiente, potencial para intervir no mercado de swaps”, afirmou Ilan Goldfajn. Estas declarações fizeram preço, e contribuíram para o alívio pontual da moeda.

Sobre a Eletrobrás… De modo a viabilizar a privatização da estatal, o governo editará um decreto para incluir a empresa no PND (Programa Nacional de Desestatização). O texto será publicado hoje.

Na agenda de hoje… As vendas no varejo de fevereiro vieram abaixo do esperado. Frente a janeiro, as vendas recuaram 0,2%, contra expectativa de crescimento de 0,7%. Na comparação com fev/17, cresceram 1,3%, abaixo dos 3,5% esperados. Desta forma, no ano, o varejo acumula alta de 2,3% e, em 12 meses, cresce 2,8%. Além disso: Guardia (Fazenda) participará de coletiva sobre Orçamento às 16h.

Agenda em Brasília… Temer, após dar posse a 10 ministros na 3ª, realiza hoje a 1ª reunião com a nova equipe (10h). Além disso, o STF decidirá hoje (i) se concede liberdade ao ex-ministro Antonio Palocci (a análise do habeas corpus começou ontem, mas a sessão foi suspensa); e (ii) sobre a prisão domiciliar do deputado Paulo Maluf.

E os mercados hoje? A percepção de risco país, medida pelo CDS de 5 anos, opera em leve queda. O quadro no exterior tem melhorado. Aqui, o varejo mais fraco tende a manter um viés baixista para os DIs (algo que soma-se à perspectiva de queda de meta de inflação). Para a bolsa, temos um viés mais positivo. Por fim, para o dólar, o nosso viés é mais neutro, sem direção clara.

Ignacio Crespo – Economista

Sobre o fechamento do último pregão:

Ibovespa: +0,87%, aos 85.246 pontos;
Real/Dólar: -1,04%, cotado a R$3,375;
Dólar Index: -0,02%, 89,508;
DI Jan/21: -04 pontos base, 8,090%;
S&P 500: -0,05% aos 2.642 pontos.

Fonte: Bloomberg. Obs.: a taxa de câmbio utilizada é a referência da Bloomberg

EMPRESAS:

BRF: Esgotadas as possibilidades de solução negociada para a BRF.
Impacto: Marginalmente Negativo.

Eletrobras: Decreto para Eletrobras.
Impacto: Neutro.

Luis Gustavo Pereira – Estrategista

Jornais:

Folha de São Paulo
– Obra para filha de Temer foi paga por mulher de coronel
– Ministra do STJ tira caso de Alckmin da Lava Jato em SP
– Trump ameaça Rússia e diz que enviará mísseis novos à Síria
– Assaltos violentos levam medo à rua Frei Caneca, na região da Paulista

O Estado de São Paulo
– Inquérito vai à Justiça Eleitoral e Alckmin fica fora da Lava Jato
– Delegados querem Lula longe da PF de Curitiba
– Incerteza política faz analistas revisarem PIB
– Trump liga ataque químico na Síria à Rússia

O Globo
– Inquérito contra Alckmin é enviado à Justiça Eleitoral
– Meta de inflação em 2021 será de 3,75%
– Trump ameaça Síria com mísseis
– Brasil fica estagnado na desigualdade

Valor Econômico
–  Número de miseráveis aumenta em 1,5 milhão
– Governo exige 20% da Embraer para minoritário
– Delações contra Alckmin vão à Justiça Eleitoral
– Banca vai receber o maior honorário já pago no país

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