Introdução: Alívio quanto à possível “Guerra Comercial” prevalece sobre os mercados. As bolsas sobem na Europa. S&P futuro sobe nos EUA. Diminui a aversão a risco. Lá fora, destaque para as falas de dirigentes do Fed. No Brasil, é dia de TRF-4, embora o julgamento tenha perdido importância após decisões do STF. No front macro, saem dados de crédito. O mercado revisou o IPCA para baixo em 2018 e 2019. No front micro, além de balanços pós-mercado (incluindo Eletrobras); segundo jornais, Ri Happy desiste de IPO, por demanda abaixo do previsto; e IPO da Centauro estaria encontrando resistências.

CENÁRIO EXTERNO: “ALÍVIO”, APÓS DECLARAÇÕES DE MNUCHIN.

O “básico” dos mercados… Parece haver uma trégua nos mercados. As bolsas sobem na Europa, após ganhos no Japão (Nikkei +0,72%). Nos EUA, S&P futuro sobe mais de 1% (pouco antes das 9h). As commodities operam mistas. Petróleo (brent) na casa dos US$70/barril. Minério de ferro recuou 0,39% na China, a US$64,33/tonelada. Os juros de 10 anos dos títulos americanos oscilam ao redor de 2,84%, em ligeira alta.

Alívio, após Mnuchin… O Secretário do Tesouro Steven Mnuchin disse à Fox News que está “cautelosamente esperançoso”. Mais: espera que “cabeças calmas prevaleçam”. Desta forma, a ameaça de Trump – de taxar US$50 bi em bens chineses que chegam aos EUA – não sairia do papel. Lembramos: o tema ainda é sensível, e não podemos descartar que momentos de maior aversão a risco voltem aos mercados. As recentes substituições na Casa Branca (saída de Gary Cohn e entrada de John Bolton, por exemplo) são prova disto.

Na agenda de hoje… Nos EUA, além de 3 discursos de dirigentes do Fed – Dudley, às 13h30; Mester, às 17h30; e Quarles, às 20h10 –, sairá o índice de atividade nacional de fevereiro, calculado pelo Fed de Chicago (9h30), e a sondagem industrial do Fed de Dallas sobre março, às 11h30.

BRASIL: TRF-4 E DADOS DE CRÉDITO SÃO DESTAQUE.

Dia de TRF-4… A 8ª Turma do TRF-4 julga hoje os recursos apresentados pela defesa de Lula. Na sequência, a defesa do ex-presidente ainda poderá apresentar o chamado “embargo dos embargos” – medida que poderia postergar, ainda mais, qualquer empecilho mais claro sobre o seu futuro. Vale notar: após decisões do STF (de deixar o julgamento do HC de Lula para o dia 4 de abril), perdeu forças este evento de hoje.

Brasília, esvaziada, e à espera de mudanças… Em semana mais curta, por conta do feriado de Páscoa, um dos destaques será a “movimentação” de ministros. De olho nas eleições, estes têm até o dia 7 de abril para deixarem os seus cargos. Nesta semana, ao menos 2 devem sair: Maurício Quintella (Transportes) e Ricardo Barros (Saúde). Ao todo, Temer pode perder até 15 integrantes de seu governo – um recorde.

Corrida eleitoral: alguns destaques… Enquanto Marina Silva (Rede) se reúne com formuladores de políticas públicas em SP, Geraldo Alckmin (PSDB) inaugura obras em Santos. Lula segue em caravana pelo Sul. Na 4ª, assim como Jair Bolsonaro, estará em Curitiba. Ciro está em viagem pela Europa. Alvaro Dias (Podemos) lançou a sua pré-candidatura; Paulo Rabello de Castro (PSC) deixa a presidência do BNDES para iniciar a sua campanha; e Flavio Rocha, ainda sem partido, deixará o comando da Riachuelo para concorrer à Presidência.

Inflação ainda fraca… O IPCA-15 de março desacelerou, em linha com o esperado: 0,10% m/m, após 0,38%. Desaceleraram de forma expressiva “Educação” (de 4,01% para 0,25%) e Transportes (de 1,11% para 0,07%). Em 12 meses, o IPCA-15 passou de 2,86% para 2,80%. “Alimentação e Bebidas”, ainda em deflação (-1,48%, após -1,49% até fev/18), mantém a inflação baixa. Para o IPCA de março “fechado”, esperamos algo em torno de 0,15% (hoje consenso de mercado). Em 12 meses, a inflação deve passar de 2,84% para 2,74%.

CAGED: 61,2 mil postos formais em fevereiro… Quando considerada a série com ajuste sazonal, no entanto, houve uma criação de 13,8 mil vagas formais, após 61,0 de janeiro. Ou seja: foi uma melhora mais modesta. Sugere que a recuperação do mercado de trabalho seguirá sendo gradual, embora o viés seja, é claro, positivo. Os salários (de admissão) cresceram, em 12 meses, 2,5%.

Arrecadação: R$105,1 bi em fevereiro… Segundo a Secretaria da Receita Federal (SRF), a arrecadação federal total atingiu R$105,1 bi no último mês. Desta forma, houve um aumento de 10,7% a/a na arrecadação, acumulando alta de 10,3% a/a no 1º bimestre do ano. Até aqui, foram R$261 bi. A melhora foi disseminada e, mesmo desconsiderando eventos não recorrentes, o crescimento da receita foi de 7,4% a/a.

Comércio: conta corrente tem superávit de US$23 bi em fevereiro… As transações em conta corrente registraram superávit de US$ 283 milhões em fevereiro. O mercado esperava um superávit um pouco maior, na casa dos US$ 475 mi. Em 12 meses, o déficit em conta corrente acumula US$ 7,8 bi, ou 0,4% do PIB.

Na agenda de hoje… No front macro, além do Boletim Focus (veja a seguir), saem os dados de crédito do BC, referentes ao mês de fevereiro (10h30). Às 15h, haverá coletiva de imprensa. E, no mesmo horário, sai a balança comercial semanal. Sem horário, o Tesouro divulga o Relatório Mensal da Dívida Pública. Mais cedo, a FGV divulgou a confiança do setor de construção: passou de 81,4 em fevereiro para 82,1 em março. No front micro, saem pós-mercado, balanços de Direcional, Eletrobras, Even e Locamerica.

Boletim Focus… O mercado revisou para baixo o IPCA de 2018 e 2019. Agora, espera 3,57% e 4,10%, respectivamente. Para o PIB deste ano, revisou de 2,83% para 2,89%. Para 2019, espera um crescimento de 3,00%. Para a Selic (fim de período), ainda prevê 6,50% e 8,00%, respectivamente. Por fim, quanto ao câmbio (fim de período), seguem as mesmas projeções: R$3,30 para 2018 e R$3,39 para 2019.

E os mercados hoje? Acreditamos que o melhor momento do exterior tende a contribuir para um viés mais positivo hoje (alta em bolsa, e baixa em dólar e DIs). Aqui, além do TRF-4, destaque para os dados de crédito. Acreditamos que os mercados (aqui e lá fora), apesar da menor aversão a risco de hoje, seguirão voláteis. Vale notar: no exterior, empresas de tecnologia, com especial enfoque em Facebook, seguem encontrando dificuldades.

Ignacio Crespo – Economista

Sobre o fechamento do último pregão:

Ibovespa: -0,46%, aos 84.377 pontos;
Real/Dólar: -0,07%, cotado a R$3,313;
Dólar Index: -0,47%, 89,436;
DI Jan/21: +01 pontos base, 8,070%;
S&P 500: -2,10% aos 2.588 pontos.

Fonte: Bloomberg. Obs.: a taxa de câmbio utilizada é a referência da Bloomberg

EMPRESAS:

Banrisul: Cia planeja IPO de segmento de cartões e desiste de oferta de ação
Impacto: Marginalmente Positivo.

Embraer: Boeing quer vender jato de defesa da Embraer
Impacto: Neutro.

Luis Gustavo Pereira – Estrategista

Jornais:

Folha de São Paulo
– Informalidade ameaça alta do PIB neste ano
– Lula é atacado com ovos e pedradas em Santa Catarina
– Credores cobram R$ 46 milhões em dívidas do PT
– Ceará tem noite de incêndios e ataque a prédios públicos

O Estado de São Paulo
– Sem dinheiro, partidos buscam candidatos ricos
– Nomeações em bancos públicos vão passar pelo BC
– Lula é recebido com pedradas e chuva de ovos em SC
– TRF-4 julga recurso do ex-presidente

O Globo
– Advogados a serviço do crime são novo alvo da intervenção
– Atentados a prédios públicos e veículos deixam Ceará em alerta
– Aplicativo de transporte cria novo mercado de aluguel de automóveis
– Jovem foi “príncipe” horas antes da morte na Rocinha

Valor Econômico
– Odebrecht fecha acordo de leniência com CGU e AGU
– Viracopos busca saídas para impasse
– Itaúsa amplia foco enquanto protege banco
– Crise envelhece frota de veículos

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