Introdução: O principal evento externo será o anúncio de Donald Trump sobre o acordo nuclear com o Irã (15h). Isto mexe com as cotações do petróleo que, embora ainda elevadas, recuam nesta manhã (brent por volta de US$75/barril). É dia de agenda macro esvaziada no exterior, leve recuo das bolsas na Europa e um dólar ainda forte. No Brasil, destaque para o balanço de Petrobras. Também é dia de agenda fraca no front macro. A Fazenda deve revisar a projeção de crescimento de 3,0% para 2018 muito em breve. À noite (22h), Ilan, do BC, concede entrevista ao vivo à TV. Na política, acreditamos que o quadro de fragmentação de candidatos não se resolverá em menos de 60 dias.

CENÁRIO EXTERNO: DÓLAR FORTE, À ESPERA DE TRUMP.

O “básico” dos mercados… O dólar segue mais forte no exterior (frente a desenvolvidos e emergentes). Os juros das Treasuries, no entanto, oscilam razoavelmente estáveis (10 anos ~2,95%). As bolsas da Europa operam em leve baixa, após alta nas bolsas de Japão e China. As commodities operam com viés baixista.

Decisão quanto ao Irã… O presidente dos EUA, Donald Trump, anuncia hoje às 15h se vai deixar o acordo nuclear com o Irã. Este último país se compromete a frear seu programa nuclear em troca da suspensão de sanções internacionais. Vale colocar em perspectiva: o brent, hoje ao redor de US$75/barril, chegou, na mínima do ano (dia 12 de fevereiro), a fechar em US$62,59/barril. Ou seja: de lá pra cá, o barril já subiu 20%. À frente, acreditamos que o viés para a cotação é de baixa. O mercado, segundo a Bloomberg , espera um barril ao redor de US$65/barril para este ano.

Qual a probabilidade de guerra comercial? Um embate mais sério entre China e EUA teria uma probabilidade de 25%, segundo o economista Barry Eichengreen, da Universidade da Califórnia em Berkeley. A probabilidade de tarifas, com as do aço e alumínio, seria de 25%. O mais provável segue sendo um acordo entre as partes (50% restantes). Aliás, agora pela manhã, Trump falou via Twitter que falará com o presidente chinês. O tema? Comércio (“aonde boas coisas vão acontecer”, segundo ele) e Coreia do Norte.

Some overshoot is fine… Raphael Bostic, presidente do Fed de Atlanta, fez discurso ontem, e se disse confortável com o cenário para a inflação. “Estamos flutuando ao redor da meta de 2%. Estou confortável com isto”. Um pouco mais avesso à inflação em elevação, Thomas Barkin, o presidente do Fed de Richmond, argumentou que a instituição não pode colocar em risco à sua credibilidade e comprometimento com a estabilidade de preços. Opiniões um pouco diversas dentro do Fed.

Powell, na Suíça… O presidente do Fed fez discurso nesta madrugada (4h15), em evento em Zurique. Falou que investidores não serão surpreendidos pelas ações do Fed, considerando que a economia evolua em linha com o esperado. Defendeu a transparência na comunicação da instituição, tentando evitar turbulências maiores nos mercados. Em suma: aos poucos, o mercado se convence de que o Fed elevará os juros mais 2 ou 3 vezes ainda em 2018.

China: balança comercial reflete crescimento forte, dentro e fora do país… O saldo superavitário com o resto do mundo ficou acima do esperado pelo consenso (US$28,78 bi contra US$27,75 bi, segundo a Bloomberg). As exportações cresceram 12,9% a/a. No ano, estas aceleram 13,7% frente ao mesmo período de 2017. Vale notar: este forte número reflete o crescimento global mais aquecido. Enquanto isso, as importações avançaram 21,5% a/a em abril, acima dos 14,4% de março. Aqui, os números refletem uma demanda interna também forte.

Na agenda macro de hoje… Nos EUA, é mais um dia de agenda relativamente tranquila. Mais cedo, saiu o índice de confiança do pequeno empresário, mostrando leve melhora em abril (passou de 104,7 para 104,8 pontos). Às 11h, dados de criação de emprego sobre março (pesquisa JOLTS).

BRASIL: FAZENDA REVISARÁ CRESCIMENTO PARA 2018 EM BREVE.

Agenda dos presidenciáveis… Hoje, em Niterói (RJ), 11 pré-candidatos à Presidência se encontram em evento organizado pela Frente Nacional dos Prefeitos. Cada um falará por 40 minutos. Começa com Maia (DEM), às 9h, e irá até Meirelles (MDB), às 16h40. Alckmin (PSDB) fala às 9h40; Marina Silva (Rede) às 11h40; e Ciro Gomes (PDT) às 14h. Nem Jair Bolsonaro (PSL) nem Joaquim Barbosa (PSB) – quem ainda não é certeza na corrida – estarão presentes.

Sobre as eleições… Há exatos 5 meses do 1º turno das eleições (7 de outubro), acreditamos que o quadro de fragmentação do chamado “centro” continuará no curto prazo. As conversas até podem começar entre PSDB e MDB, mas uma aliança no curtíssimo prazo é difícil, e precisa passar por acordos. Estes dificilmente serão fechados em menos de 60 dias. Somente no início de julho é que estará claro quem é que desistirá, e quem é que poderá atrair forças. Vale lembrar: as convenções dos partidos estarão marcadas entre 20 de julho e 5 de agosto. Daqui é que formalmente sairão os candidatos.

Pesquisas… Foi registrada no TSE uma pesquisa Vox Populi para presidente, governador e senador por MG. Será realizada entre os dias 6 e 9 de maio, e sua divulgação prevista é dia 13 de maio.

Agenda de hoje… No front macro, o IGP-DI de abril veio acima das expectativas (+0,93% m/m), reagindo à alta de combustíveis (elevação do petróleo no exterior). Em 12 meses, registra alta de 2,97%. Hoje à noite (22h), Ilan Goldfajn, do BC, concede entrevista ao vivo à GloboNews . Mas o destaque fica por conta do noticiário micro, com balanço de 4 empresas, incluindo Petrobras, Tim e Iguatemi (veja mais no Guide Empresas).

Setor de veículos: de volta à tendência (de melhora)… Números de abril, segundo a Anfavea, voltam a colocar o setor numa trajetória mais clara de melhora (após 2 meses fracos). A produção total de autoveículos subiu 39,3% a/a em abril. Na série com ajuste sazonal, a produção cresceu 8,7% m/m. No entanto, vale notar: o possível efeito da crise na Argentina é um ponto de atenção (por ser o maior importador de veículos brasileiros). A recuperação das vendas internas, por outro lado, é algo que tende a mitigar os efeitos negativos vindos do exterior.

Crescimento abaixo de 3% em 2018… Segundo o Focus, o mercado revisou para baixo o PIB deste ano, de 2,75% para 2,70%. Para 2019, ainda prevê 3,00%. A Fazenda também precisa revisar seus números, e não deve continuar apostando em 3,0%. Até o dia 22 de maio, precisa divulgar o segundo relatório bimestral de receitas e despesas deste ano. Pode ser uma oportunidade para revisar o seu número para baixo. Vale notar: o BC trabalha com um crescimento de 2,6%.

E os mercados hoje? Assim como ontem, vemos um quadro externo um pouco mais desfavorável para emergentes. O dólar mais forte e uma cautela à espera de Trump são destaques. Assim, temos um viés mais negativo por aqui, com bolsa em baixa e pressões altistas em dólar e DIs. Em dia de agenda fraca, sinalizações vindas do exterior, além de interpretações sobre o rumo das eleições deixam os mercados voláteis. A percepção de risco país, medida pelo CDS de 5 anos, sobe mais de 2% (~194 pontos base, às 9h15, horário de Brasília).

Ignacio Crespo – Economista

Sobre o fechamento do último pregão:

Ibovespa: -0,49%, aos 82.714 pontos;
Real/Dólar: +0,62%, cotado a R$3,551;
Dólar Index: +0,20%, 92,749;
DI Jan/21: +12 pontos base, 8,160%;
S&P 500: +0,35% aos 2.673 pontos.

Fonte: Bloomberg. Obs.: a taxa de câmbio utilizada é a referência da Bloomberg

EMPRESAS:

Marcopolo: Números do 1º tri acima da expectativa do mercado.
Impacto: Positivo.

Petrobras: Resultado sólido do 1T18, acima do esperado.
Impacto: Marginalmente Positivo.

Luis Gustavo Pereira – Estrategista

Jornais:

Folha de São Paulo
– Receita com petróleo sobe e ajuda estados e municípios
– Sob pressão, Putin toma posse pela 4ª vez na Rússia
– PF diz que Yunes recebeu R$ 1 milhão
– Álvaro Dias rejeita laço com o PSDB na corrida eleitoral

O Estado de São Paulo
– Brasil quer punir empresas que subornem no exterior
– Lula cogitou comprar sítio, diz Okamotto em depoimento
– Petrobras gasta R$ 2,7 bi em usina paralisada
– Venezuelanos começam a se adaptar a SP

O Globo
– STJ inicia devolução de ações contra governadores
– Aeroportos privatizados dão sinais de crise
– Alckmin ensaia aliança com PMDB
– MP dos Portos: Inquérito se alonga por mais 60 dias

Valor Econômico
– Manifesto contra guerra comercial une 38 países
– Fundos de pensão avaliam ação contra a Bradespar
– Trump diz ter decisão sobre acordo do Irã
– Nestlé paga US$ 7,15 bi por café da Starbucks

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