Mercados Hoje: A migração do “centro”

Introdução: As bolsas recuam na Europa, e o viés não é dos mais favoráveis para as bolsas em NY. Trump se diz pronto para intensificar a “guerra comercial” frente à China. A economia dos EUA segue forte no curto prazo. O dólar opera misto frente a emergentes. No Brasil, o “centrão” parece mais próximo de Geraldo Alckmin (PSDB). Começa hoje o período das convenções partidárias (vai até 5 de agosto). Ciro (PDT) será confirmado hoje. No front macro, destaque para o IPCA-15 de julho: desacelerou frente a junho, mas, em 12 meses, subiu para 4,53%.

CENÁRIO EXTERNO: TRUMP DOBRA SUAS APOSTAS.

O “básico” sobre os mercados… As bolsas da Europa perderam fôlego nas últimas horas (às 8h30, operam no vermelho); após sessão positiva na China (o índice de Xangai subiu 2%, reduzindo as perdas do ano para 14,5%). Nos EUA, S&P futuro também recua nesta manhã, após bolsas caírem ontem em NY. Receios de “guerra comercial” voltam à tona. O dólar opera misto frente às moedas dos emergentes. Mas os juros das Treasuries, nos EUA, mantém viés de alta (10 anos ~2,85%), diante de boas avaliações sobre a economia dos EUA.

EUA: atividade segue forte… O índice da atividade industrial do Fed da Filadélfia subiu para 25,7 em julho, contra 19,9 no mês anterior. O mercado esperava 21,5 pontos. Ou seja: houve uma melhora, que ficou acima das expectativas. Continuamos a ver uma economia americana aquecida no curto prazo, que coloca um viés altista sobre a inflação e, consequentemente, mantém expectativas de “normalização” dos juros adiante. Aliás, vale relembrar: nesta semana, o chamado “Livro Bege” – documento qualitativo sobre as diferentes regiões do país – reforçou estas avaliações.

Mais restrições ao comércio? O presidente dos EUA disse, em entrevista à CNBC, que está preparado para intensificar a “guerra comercial” com a China. Segundo ele, é “o correto para o nosso país” . Neste mês, Trump impôs tarifas a US$34 bi em produtos chineses; que também retaliaram na mesma moeda. Outros US$16 bi em produtos serão taxados em breve (completando US$50 bi) e; após sinalizar que poderia taxar outros US$200 bi, Trump afirmou que este número pode chegar a US$500 bi. Mais: ontem, repercutiram de forma negativa os comentários de Trump sobre o Fed (dizendo que não gosta de ver os juros subindo, por exemplo).

China: flexibilização das regras? Especula-se que gestoras poderão comprar ativos “não-padronizados”, flexibilizando as “regras do jogo” por lá. Com isto, as ações dos bancos foram favorecidas. Este setor foi destaque, e teve a maior valorização intraday desde maio de 2017. O índice de Xangai terminou em alta de 2,05%. Diminuiu a queda acumulada no ano para 14,4%.

Na agenda de hoje… Nos EUA, no front macro, discurso de J. Bullard, do Fed de St. Louis (9h). Este é considerando “brando” em política monetária. Ou seja, tende a favorecer a permanência de juros mais baixos por mais tempo. Além disso, sairá o indicador de perfuração de poços (B. Hughes), às 14h. No front micro, 12 empresas listadas no S&P 500 divulgam seus balanços, incluindo General Electric (reportou números acima do esperado).

BRASIL: “CENTRÃO” PRÓXIMO DE ALCKMIN; INFLAÇÃO DESACELERA.

Começoooouuuu… O período das convenções partidárias começa hoje (dia 20), e vai até o dia 5 de agosto. É quando os partidos oficializam candidatos e estabelecem alianças. O 1º dos pré-candidatos “competitivos” à Presidência que será confirmado é Ciro Gomes (PDT). A convenção está marcada para começar às 11h, em Brasília. Também serão confirmadas hoje, em suas convenções, as candidaturas de Paulo Rabello de Castro (PSC) e Guilherme Boulos (Psol). Neste domingo (22), Jair Bolsonaro (PSL) será confirmado.

Ventos favoráveis a Alckmin… Os partidos do “centrão” parecem mais inclinados a fechar o apoio ao pré-candidato Alckmin (PSDB). Aliás, representantes de DEM, PP, PRB, Solidariedade, Avante e PR reuniram-se ontem com o tucano em SP. A mídia tradicional dá como certo o acordo entre o “centrão” e Alckmin, mas há pontos a serem fechados, ainda. Acordos regionais, em Minas Gerais e Santa Catarina, por exemplo, anda precisam ser costurados. Seja como for, neste momento, isto é algo que dá tração aos mercados domésticos.

Confiança da indústria recua… Segundo dado da FGV, a confiança recuou 0,5 ponto em julho, para 99,6. Ou seja, nesta comparação, recuou 0,5%; após cair 1,0% em junho. Nas comparações interanuais, o índice ainda está bem mais forte: subiu 8,7% frente a julho de 2017; após 10,4% no último mês. Em suma: não surpreende que a confiança – neste e em demais setores – recue no curto prazo, pós-paralizações e às vésperas das eleições.

Agenda de hoje… No front macro, o IPCA-15 de julho: em 12 meses, passou de 3,68% para 4,53%, ligeiramente abaixo dos 4,63% esperados. Na comparação mensal, subiu 0,64%, após 1,11% em junho; abaixo dos 0,73% esperados. No front corporativo, não há divulgações de balanços previstos para hoje. Vale destacar que Eduardo Guardia (Fazenda) se reúne hoje com Steven Mnuchin, secretário de Tesouro dos EUA, e com o presidente do BC, Ilan Goldfajn. No Palácio Tangará, em SP (9h30).

E os mercados hoje? O quadro no exterior não é tão desfavorável para ativos de risco como aparente à 1ª vista; e noticiário político, aqui no Brasil, tem se tornado mais positivo aos olhos dos investidores. A percepção de risco país recua mais de 2% nesta manhã (CDS de 5 anos oscila ao redor de 233 pontos base). O viés para a bolsa é positivo, ainda no início da sessão. Dólar e DIs também tendem a acompanhar este momento mais favorável, e devem recuar.

Ignacio Crespo – Economista

Sobre o fechamento do último pregão:

Ibovespa: +0,16%, aos 77.486 pontos;
Real/Dólar: -0,44%, cotado a R$3,832;
Dólar Index: +0,08%, 95,164;
DI Jan/21: +01 pontos base, 9,160%;
S&P 500: -0,40% aos 2.805 pontos.

Fonte: Bloomberg. Obs.: a taxa de câmbio utilizada é a referência da Bloomberg. *valores referentes à sessão do dia 31/05.

EMPRESAS:

Tim: Forte resultado operacional no 2T18, em linha com as expectativas
Impacto: Marginalmente Positivo.

Luis Gustavo Pereira – Estrategista

Jornais:

Folha de São Paulo
– Indústria não teme Bolsonaro, afirma CNI
– Problema do prés-candidato do PSL é civilizatório, diz Lafer Piva
– Nicaraguenses relatam torturas e desaparecimentos
– Lula: Querem me derrotar? Que o façam nas urnas

O Estado de São Paulo
– Centrão encerra conversas com Ciro e fecha com Alckmin
– Tesouro reforça capital da Caixa com R$ 2 bilhões
– Orçamento tem folga de R$ 600 milhões
– Lei define Israel como Estado judeu

O Globo
– Centrão fecha acordo para apoiar Alckmin
– Bolsa e cotação do real reagem após a notícia
– ANP desiste de prazo mínimo de reajuste
– Intervenção critica governo do Rio

Valor Econômico
– Crédito para pessoa física sustenta lucro dos bancos
– Crise reduz o emprego doméstico
– Cade julgará cartel em frete internacional
– Fofoca pode custar caro à empresa e ao funcionário

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