Mercados Hoje: A Forma das Eleições

Introdução: As bolsas operam mistas no exterior, e investidores seguem atentos às políticas de Trump (taxação de importações de aço e alumínio), que podem levar à chamada “guerra comercial”. Além disso, monitora-se a eleição italiana (ontem), que teve partidos “anti-establishment” ganhando forças. No Brasil, a semana promete algumas definições quanto à corrida eleitoral: Maia (DEM), Gomes (PDT) e Boulos (PSOL) lançam as suas pré-candidaturas à Presidência. Meirelles não estaria cogitando ser vice de Alckmin. No campo micro, nova fase da Operação Carne Fraca mexe com o setor de proteína animal.

CENÁRIO EXTERNO: ELEIÇÕES ITALIANAS E TAXAÇÃO AMERICANA SÃO OS DESTAQUES.

O “básico” dos mercados… As bolsas sobem na Europa, com a exceção do índice FTSE MIB, na Itália. Na Ásia, as bolsas terminaram mistas (Nikkei caiu 0,66%; índice de Xangai estável). No momento, o índice S&P futuro registra leve queda. Commodities mistas. Petróleo (brent ) estável, em US$64,3; minério de ferro caiu 1,67%, cotado a US$77,03/tonelada. O dólar se fortalece frente à maioria das moedas dos emergentes.

Governos europeus: toma lá, dá cá… Ontem, na Alemanha, a chanceler Angela Merkel conquistou uma vitória importante, e a formação de um novo governo caminha. Na Itália, por outro lado, as eleições ao Parlamento, ontem, mostraram maior força de partidos radicais (“anti-establishment”), em relação ao esperado pelas pesquisas. Aliás, o partido “Five Star Movement” pode acabar sendo o mais forte, de forma única.

China: metas são reafirmadas… O governo fixou a meta de crescimento do PIB para este ano em 6,50% (a mesma do ano anterior, quando o país cresceu 6,9%). Espera-se menor estímulo fiscal (um déficit público de 2,6%, contra 3,0% do ano passado). A meta de inflação segue em 3,0%.

China & EUA: as discussões continuam… Segundo autoridades chinesas, os dois países continuam tratando de questões comerciais. Investidores temem que os recentes anúncios de Trump (taxação de importações aço e alumínio) sejam o estopim para uma chamada “guerra comercial”.

Na agenda de hoje… Nos EUA, saem 2 índices sobre o setor de serviços: o PMI, às 11h45; e o ISM, às 12h. Ambos, até janeiro, sinalizavam um crescimento forte à frente.

BRASIL: CORRIDA ELEITORAL COMEÇA A TOMAR FORMA.

Eleições: (um pouco) mais claras… Nesta semana, Rodrigo Maia (DEM), Ciro Gomes (PDT) e o líder do MTST Guilherme Boulos (PSOL) lançam as suas pré-candidaturas à Presidência (as 2 primeiras devem acontecer na 5ª; a última, na 3ª). Na 4ª, dia 7, Bolsonaro deve oficializar a sua filiação ao PSL (legenda de apenas 3 deputados, que tentará fechar o período de “troca-troca” com 40 deputados).

Eleições: próximos passos… A “janela partidária”, que possibilitará que deputados troquem de legenda começa nesta 5ª (dia 8) e vai até 7 de abril. Aliás, esta última data é importante: marca o limite para as filiações partidárias, e descompatibilização de cargos do Executivo, daqueles que participarão da corrida eleitoral. Aliás, é este o prazo para que Meirelles tome uma decisão…

Eleições: outros destaques… (1) Alckmin (PSDB) estará hoje em MG, tentando ganhar forças por lá; (2) após jornal Estadão ventilar no final de semana que Meirelles poderia ser vice em chapa com Alckmin, o Valor fala que esta opção estaria descartada; e (3) Marina (Rede) corre o risco de ficar de fora dos debates presidenciais (dado que a legenda tem, hoje, menos de 5 representantes no Congresso – o mínimo exigido).

Governo: “bate e volta” pra NY… Ao menos 5 ministros – incluindo Meirelles e Dyogo Oliveira, do Planejamento – irão esta semana (3ª, dia 6) para NY, nos EUA. O objetivo? Tentarão vender aos investidores estrangeiros as concessões e parcerias público-privadas do governo. O recente anúncio americano de taxação sobre o aço também entrará na pauta.

Na agenda de hoje… No front macro, 2 dados a serem divulgados: (i) índice PMI do setor de serviços (10h); e (ii) balança comercial semanal (15h). Ao longo da semana, atenção à produção industrial de janeiro (3ª) e ao IPCA de fevereiro (6ª). Este último será importante para reforçar, ou não, a expectativa de uma Selic em 6,50%.

Boletim Focus… O mercado revisou para baixo o IPCA de 2018, de 3,73% para 3,70%. E revisou o PIB para cima, de 2,89% para 2,90%. A Selic projetada para o final do ano segue em 6,75%. Para 2019, o IPCA esperado ficou praticamente estável, de 4,25% para 4,24%; o PIB permanece em 3,00%; e a Selic em 8,00%.

E os mercados hoje? Diante de uma agenda mais leve por aqui, acreditamos que os ativos locais seguirão o exterior (temos um viés de neutro a altista em bolsa, e mais neutro no câmbio). Com maior atenção, vale acompanhar (i) decisão americana sobre taxação de aço; e (ii) a formação do governo italiano. No Brasil, deve repercutir de forma negativa a nova fase da Operação Carne Fraca, especialmente sobre o setor de proteína animal.

Ignacio Crespo Rey – Economista

Sobre o fechamento do último pregão:

Ibovespa: +0,45%, aos 85.761 pontos;
Real/Dólar: +0,05%, cotado a R$3,253;
Dólar Index: -0,43%, 89,935;
DI Jan/21: -09 pontos base, 8,360%;
S&P 500: +0,51% aos 2.691 pontos.

Fonte: Bloomberg. Obs.: a taxa de câmbio utilizada é a referência da Bloomberg

EMPRESAS:

B3: Números fortes no 4T17
Impacto: Positivo.

BRF: PF cumpre mandados da Operação Carne Fraca em São Paulo
Impacto: Negativo.

Petrobras: Cia avalia saídas para Liquigás
Impacto: Neutro.

Luis Gustavo Pereira – Estrategista

Jornais:

Folha de São Paulo
– Rio lidera redução de gastos com segurança
– Aliança liderada por Berlusconi sai na frente em eleição na Itália
– Resultado eleitoral esquenta debate sobre populismo
– Governo Temer dá cada vez mais espaço a militares

O Estado de São Paulo
– Um terço da renda da elite dos servidores é isento de IR
– Boca de urna indica divisão na Itália
– MP apura desvio na Assembleia
– Apenas 2% dos alunos pobres tiram notas boas

O Globo
– Apreensão de armas e drogas bate recorde
– Peso da indústria no PIB cai a nível dos anos 1950
– Aliados se distanciam de Marina Silva
– Fuga do inferno

Valor Econômico
– Bancos estatais recuam com recessão e nova orientação
– Estados usam reserva para pagar inativos
– Disputa em família agita a Marabraz
– Governo terá candidato, diz Moreira

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